ATA DA VIGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 29-4-2004.
Aos vinte e nove dias do mês de abril de dois mil e
quatro, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida
pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, Guilherme Barbosa,
Haroldo de Souza, Helena Bonumá, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete
Moraes, Maria Celeste, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Wilton Araújo.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Beto
Moesch, Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr.
Goulart, Elias Vidal, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Isaac Ainhorn, João Bosco
Vaz, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion,
Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência de
quórum, a Senhora Presidenta declarou abertos os trabalhos. À MESA, foram
encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, o Pedido de Informações n° 065/04
(Processo n° 2291/04); pelo Vereador Elias Vidal, os Pedidos de Providências
nos 836, 837 e 838/04 (Processos nos 2277, 2278 e 2279/04, respectivamente);
pelo Vereador Elói Guimarães, o Projeto de Lei do Legislativo n° 100/04
(Processo n° 2259/04); pelo Vereador Haroldo de Souza, o Projeto de Lei do
Legislativo n° 097/04 (Processo n° 2254/04) e o Projeto de Resolução n° 022/04
(Processo n° 0102/04); pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei do
Legislativo n° 096/04 (Processo n° 2240/04); pelo Vereador João Bosco Vaz, os
Projetos de Lei do Legislativo nos 095, 098 e 099/04 (Processos nos 2234, 2256
e 2258/04, respectivamente); pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Pedido de
Providências n° 840/04 (Processo n° 2309/04) e o Projeto de Lei do Legislativo
n° 101/04 (Processo n° 2288/04). Ainda, foram apregoados Requerimentos de
autoria do Vereador Elias Vidal, solicitando o desarquivamento dos Projetos de
Lei do Legislativo nos 038 e 058/03 (Processos nos 1415 e 1696/03,
respectivamente). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos 0139, 0210, 0305,
2648, 2653, 3257, 3649 e 3742/04, do Senhor Reginaldo Muniz Barreto,
Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, a Senhora
Presidenta concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, aos Senhores Luiz Eduardo de
Almeida Flores e Robson César Correa de Mendonça, representando o Movimento dos
Direitos dos Moradores de Rua, que discorreram sobre a situação atualmente
vivenciada pelos moradores de rua de Porto Alegre, criticando as políticas de
assistência social vigentes nos Governos Estadual e Municipal e propugnando por
medidas que envolvam concretamente a sociedade na busca de soluções para
garantir condições dignas de vida a todos os cidadãos. Na oportunidade, nos
termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Haroldo de Souza, Elói
Guimarães, Cláudio Sebenelo, João Antonio Dib, Raul Carrion, Reginaldo Pujol,
Ervino Besson, Renato Guimarães e Carlos Alberto Garcia manifestaram-se acerca
do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Em prosseguimento, a Senhora
Presidenta registrou ter deferido Requerimento verbal efetuado pelo Vereador
Renato Guimarães quando da manifestação de Sua Excelência em Tribuna Popular,
em que é solicitada a ouvida da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos
Humanos, com relação aos assuntos abordados pelos Senhores Luiz Eduardo de
Almeida Flores e Robson César Correa de Mendonça. A seguir, constatada a existência
de quórum, foi aprovado Requerimento verbal do Vereador João Carlos Nedel,
solicitando a alteração da ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se
o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a assinalar o transcurso do
trigésimo quinto aniversário do Centro de Integração Empresa-Escola - CIEE, nos
termos do Requerimento n° 032/04 (Processo n° 1021/04), de autoria do Vereador
João Carlos Nedel. Compuseram a Mesa: a Vereadora Margarete Moraes, Presidenta
da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Otto Beiser, Presidente do Centro
de Integração Empresa-Escola - CIEE; o Senhor Thômaz Nunnenkamp, representado a
Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS; o Vereador
João Carlos Nedel, 1° Secretário deste Legislativo. Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Vereador João Carlos Nedel, destacando ser o desemprego um dos maiores
problemas enfrentados pelo País, analisou a importância da capacitação
profissional do trabalhador. Nesse sentido, apresentou dados relativos às
atividades realizadas pelo Centro de Integração Empresa-Escola junto ao mercado
de trabalho gaúcho, afirmando que essa entidade é um exemplo de busca do bem
comum por meio da atuação conjunta entre iniciativa pública e privada. Na
oportunidade, a Senhora Presidenta registrou a presença de alunos e das
Professoras Miriam Rigotti e Tânia Noimann, da Escola Estadual de Ensino
Fundamental Pedro Américo, presentes a este Legislativo para participarem do
Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial desta Casa junto a
escolas e entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Isaac Ainhorn enfocou a visão empresarial, solidária e
apartidária que norteia as atividades do Centro de Integração Empresa-Escola.
Finalizando, declarou que Porto Alegre tem uma dívida de reconhecimento pelos serviços
prestados por essa instituição em seus trinta e cinco anos de existência,
tecendo considerações acerca das dificuldades enfrentadas pelo jovem em seu
processo de integração no mercado de trabalho. Após, a Senhora Presidenta
registrou parceria firmada entre o Centro de Integração Empresa-Escola e este
Legislativo, para realização de debate com
o tema “Perspectivas do Mercado de Trabalho”, a ocorrer no dia
sete de maio do corrente, a partir das dez horas, no Plenário Otávio Rocha,
direcionado a estudantes de escolas públicas de Porto Alegre. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Cláudio Sebenelo discorreu sobre mudanças observadas nas
relações de trabalho nas últimas décadas, em especial na área da tecnologia,
frisando a necessidade de que sejam adaptados os currículos e as pedagogias
escolares para que os estudantes tenham condições reais de ingresso em um
mercado altamente competitivo como é o do mundo atual. Ainda, teceu críticas à
atuação dos Governos do Estado e do Município na área da assistência social. O
Vereador Reginaldo Pujol, registrando estar se manifestando também em nome do Vereador
Raul Carrion, Líder da Bancada do PCdoB, destacou conceitos de participação
social que, segundo Sua Excelência, sempre nortearam as atividades do Centro de
Integração Empresa-Escola em seus trinta e cinco anos de existência.
Igualmente, analisou o significado da viabilização de programas de estágio para
que o estudante brasileiro tenha acesso à qualificação profissional. O Vereador
Elói Guimarães, declarando pronunciar-se também em nome da Bancada do Partido
dos Trabalhadores, cumprimentou os colaboradores e funcionários que garantem a
permanência do Centro de Integração Empresa-Escola e mencionou empresas
públicas e privadas conveniadas com essa instituição. Ainda, ressaltou a
importância de se garantir aos jovens oportunidade de ingresso no mercado de
trabalho, sem que aja necessidade de interrupção de sua formação escolar. A
seguir, a Senhora Presidenta concedeu a palavra ao Senhor Otto Beiser, que
destacou a homenagem hoje prestada por esta Casa ao aniversário do Centro de
Integração Empresa-Escola – CIEE. Às quinze horas e quarenta e seis minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e
quarenta e nove minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE
EXPEDIENTE, a Vereadora Helena Bonumá registrou o transcurso, no dia vinte e
cinco de abril do corrente, dos trinta anos da Revolução dos Cravos, analisando
a influência exercida por Portugal junto aos movimentos latino-americanos
contra a ditadura militar. Também, referiu-se às manifestações hoje efetuados
na Casa por representantes de moradores de rua de Porto Alegre, discorrendo
sobre políticas municipais de assistência social voltadas para essa área. O Vereador
João Antonio Dib questionou a substituição do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre pelo Senhor Rogério Favreto, Procurador-Geral do Município, externando
a opinião de que esse fato é inconstitucional e lembrando ter solicitado manifestação
da Procuradoria da Casa acerca dessa questão. Sobre o tema, teceu considerações
sobre as situações em que há possibilidade de o Procurador-Geral do Município
responder pelo Expediente da Prefeitura Municipal. Na ocasião, a Senhora
Presidenta prestou esclarecimentos acerca da manifestação do Vereador João Antonio
Dib, em Grande Expediente, de recorrer às instâncias cabíveis, no que se refere
à substituição do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre pelo
Procurador-Geral do Município. O Vereador Ervino Besson discutiu as conseqüências
atuais para o Município das modificações, aprovadas nesta Casa, em relação às
áreas definidas como “rururbanas” pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
Ambiental – PDDUA. Ainda, mencionou a realização de reunião no dia vinte e três
de abril do corrente, na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos
deste Legislativo, com produtores rurais, para debater essa temática. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Ervino Besson discutiu a questão do
fornecimento de energia elétrica para a zona “rururbana” de Porto Alegre,
justificando que antes da redefinição dessas áreas, os valores cobrados pela
Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE – eram reduzidos, não sendo mais
assim atualmente. Dessa maneira, apontou a necessidade de reverter esse quadro,
lembrando que o Executivo Municipal se comprometeu em equacionar esse assunto.
Na oportunidade, a Senhora Presidenta registrou o transcurso do aniversário,
hoje, do Vereador Dr. Goulart. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maristela Maffei
replicou o pronunciamento do Vereador João Antonio Dib, em Grande Expediente,
acerca da substituição do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre pelo
Procurador-Geral do Município. Também, discorreu acerca de dificuldades
enfrentadas pelas mulheres, em relação a preconceitos sofridos pelo sexo
feminino, chamando a atenção para a necessidade de a sociedade respeitar mais
objetivamente a igualdade entre as pessoas. O Vereador Elói Guimarães
manifestou sua posição em relação à substituição do cargo de Prefeito
Municipal, em ocasiões de ausência do Prefeito, do Vice-Prefeito e do Presidente
da Câmara de Vereadores, comentando dispositivos da Lei Orgânica Municipal que
regulam a matéria. Nesse sentido, ressaltou que, na hipótese da falta do Presidente
da Câmara de Vereadores, o Procurador-Chefe do Município apenas assume o cargo,
mas não substitui o Prefeito Municipal. O Vereador Pedro Américo Leal sustentou
que o Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, deveria
encampar a idéia de aumentar o número de recrutas incorporados às Forças Armadas,
como forma de amenizar o problema da falta de emprego entre a população jovem
e, por conseqüência, diminuir os índices de violência no País. Nesse sentido,
argumentou que os gastos decorrentes dessas incorporações seriam baixos em relação
às vantagens que elas proporcionariam. O Vereador Raul Carrion elogiou decisão
do Governo Federal de criar um programa para profissionalizar os recrutas do
Exército Brasileiro, argumentando que mais de cem mil jovens no País serão
beneficiados por essa iniciativa. Ainda, analisou as origens do Dia do
Trabalhador, lembrando a morte de operários que protestaram na cidade de
Chicago, nos Estados Unidos da América, no ano mil oitocentos e oitenta e seis,
fato esse que mudou a história das relações trabalhistas em todo o mundo. O
Vereador Reginaldo Pujol criticou o Governo Federal pelos índices de aumento
anunciados para o salário mínimo e declarou que esse reajuste poderia ter sido
adiantado para o mês de abril, sustentando que a postergação desse pagamento
afetou diretamente a vida dos trabalhadores brasileiros. Nesse sentido,
desaprovou as políticas desenvolvidas em nível federal, atribuindo a essas
diretrizes os índices negativos apresentados recentemente pelas atividades
econômicas no Brasil. O Vereador Renato Guimarães questionou a postura do
Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB – de críticas ao Governo
Federal, alegando que o período em que o PSDB governou o Brasil, com apoio do
Partido da Frente Liberal – PFL, concorreu para gerar a situação em que se
encontra atualmente o País. Também, acusou o Governo do Estado do Rio Grande do
Sul de não atender as necessidades da população, opinando a respeito do atraso
no pagamento do funcionalismo público estadual. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
Wilton Araújo, abordando distorções na marcação de consultas nas unidades de
atendimento do Sistema Único de Saúde de Porto Alegre, protestou contra as
pressões que vem sofrendo o Médico Francisco Morelli, que atende no Posto de
Saúde do Beco do Adelar, na Zona Sul da Cidade. Nesse contexto, enalteceu as
qualidades desse profissional, defendendo sua permanência naquela comunidade.
Na ocasião, os Vereadores Guilherme Barbosa e Sebastião Melo manifestaram-se
acerca do pronunciamento efetuado pelo Vereador Wilton Araújo, em Comunicação
de Líder. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion referiu-se às
Constituições Federal e Estadual, traçando um paralelo com a Lei Orgânica do
Município de Porto Alegre, no sentido de endossar a posse do Procurador-Geral
do Município em substituição ao Prefeito Municipal. Ainda, anunciou que o
Partido Comunista do Brasil indicou o nome da Deputada Estadual Jussara Cony
como candidata a vice-Prefeita de Porto Alegre, em composição com o Partido dos
Trabalhadores. O Vereador João Antonio Dib questionou a posse, na Prefeitura Municipal
de Porto Alegre, do Procurador-Geral do Município, alegando que só existem dois
Poderes no âmbito municipal, enquanto no Estado e na Nação são três. Também,
cobrou dos Senhores Vereadores maior fiscalização nos atos do Executivo
Municipal, declarando que este Legislativo perde prestígio na medida em que não
assume plenamente suas responsabilidades. O Vereador Cassiá Carpes referiu-se
aos debates realizados na Casa sobre o Projeto de Lei Complementar do Executivo
nº 010/03, atentando para diferenças existentes entre os sistemas
previdenciários municipal e estadual. Além disso, criticou o novo valor
anunciado pelo Governo Federal para o salário mínimo e declarou que o Partido
dos Trabalhadores não deverá permanecer na direção da Prefeitura de Porto
Alegre após as eleições municipais de outubro do corrente. Na oportunidade, o
Vereador Ervino Besson manifestou-se relativamente ao pronunciamento efetuado
pelo Vereador Wilton Araújo, em Comunicação de Líder, e solicitou providências
quanto ao descredenciamento do médico Roberto Corsino Tadeu, que atendia na
Associação dos Moradores do Bairro CEFER I, tendo a Senhora Presidenta
determinado o encaminhamento dessa manifestação por escrito. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Sebastião Melo afirmou que o novo valor do salário mínimo segue
orientação direta do Senhor Antonio Palocci, Ministro da Fazenda, classificando
como contraditória a teoria e a prática vivenciadas pelo Partido dos
Trabalhadores no exercício dos Governos Federal e Municipal. Finalizando,
frisou que, caso o PMDB vença as eleições de outubro do corrente, o primeiro
ato desse Partido será uma auditoria nas finanças da Prefeitura Municipal de
Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cláudio Sebenelo
pronunciou-se acerca do salário mínimo vigente no País e contestou a ingerência
federal junto ao Grupo Hospitalar Conceição. Sobre o assunto, mencionou o
Requerimento nº 061/04, de sua autoria, que solicita o comparecimento nesta
Casa do Senhor João Constantino Pavani Motta, Diretor-Superintendente daquela
instituição, para debater a transferência de serviços do Hospital Conceição
para o Hospital Fêmina. Na oportunidade, o Vereador Isaac Ainhorn manifestou-se
quanto à necessidade de observação dos prazos regimentais de intervenções dos
Senhores Vereadores durante as Sessões deste Legislativo. Também, o Vereador
Aldacir Oliboni informou já estar agendada a vinda, a esta Casa, do Senhor João
Constantino Pavani Motta, Diretor-Superintendente do Grupo Hospitalar
Conceição. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza discorreu sobre
o Projeto de Lei Complementar do Executivo n° 010/03, enfocando a conduta de Vereadores
desta Casa durante os debates realizados sobre a matéria. Ainda, elogiou a retirada
desse Projeto da Ordem do Dia, destacando a necessidade de diálogo entre
municipários, Poder Executivo e Poder Legislativo, já que medidas nessa área resultam
em conseqüências diretas para o futuro dos servidores públicos municipais. Em
PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Resolução
nos 068/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Raul Carrion, e
069/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Reginaldo Pujol; em 2ª Sessão,
os Projetos de Lei do Legislativo nos 113/03, 472/03 e 083/04, discutidos pelo
Vereador João Antonio Dib, os Projetos de Resolução nos 064/04, discutido pelos
Vereadores João Antonio Dib e Reginaldo Pujol, e 065/04, discutido pelos Vereadores
João Antonio Dib, Reginaldo Pujol e Raul Carrion; em 3ª Sessão, o Projeto de
Lei do Legislativo nº 060/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e
Raul Carrion, os Projetos de Resolução nos 062/04, discutido pelos Vereadores
João Antonio Dib, Sofia Cavedon, Renato Guimarães, Reginaldo Pujol e Raul
Carrion, e 063/04, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Reginaldo Pujol
e Raul Carrion. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Sebastião Melo comentou o
valor fixado pelo Governo Federal para o salário mínimo e questionou doações
eleitorais ao Partido dos Trabalhadores, efetuadas por empresas da área de
coleta e destinação final de resíduos sólidos. Também, denunciou venda de
fichas de consulta em Postos de Saúde da Cidade, declarando que será convidada
a comparecer neste Legislativo a Secretária Municipal de Saúde, para prestar
esclarecimentos sobre o tema. O Vereador Guilherme Barbosa declarou que a
Secretária Municipal da Saúde deverá comparecer neste Legislativo para que
sejam dirimidas as dúvidas dos Senhores Vereadores quanto ao atendimento da
população em Postos de Saúde de Porto Alegre. Ainda, referiu-se à atuação do
Governo Municipal quanto à coleta e destinação final de resíduos sólidos em
Porto Alegre e discorreu sobre a retirada, da Ordem do Dia, do Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 010/03. Em prosseguimento, foi apregoado o Projeto
de Resolução nº 071/04 (Processo nº 2375/04), de autoria da Mesa Diretora. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol pronunciou-se acerca dos
serviços oferecidos nos postos de saúde da Cidade, ressaltando o montante de
recursos estaduais e federais recebidos pelo Município para aplicação nessa
área. Nesse sentido, contestou percentuais destinados à saúde pública em Porto
Alegre, afirmando que o que se observa não é uma falta de recursos, mas uma
crise gerencial que se reflete diretamente na qualidade de vida da população.
Às dezoito horas e trinta e seis minutos, constatada a inexistência de quórum,
a Senhora Presidenta declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental.
Os trabalhos foram presididos pela Vereadora Margarete Moraes e pelo Vereador
Elói Guimarães e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel. Do que eu, João
Carlos Nedel, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após
distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pela Senhora Presidenta.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Passamos à
O
Sr. Luiz Eduardo de Almeida Flores, representando o Movimento dos Direitos dos
Moradores de Rua, está com a palavra para tratar de assunto relativo à
construção de uma política social para moradores de rua, pelo tempo regimental
de 10 minutos.
O SR. LUIZ EDUARDO DE ALMEIDA FLORES: Boa-tarde a todos, boa-tarde à
Presidenta, boa-tarde aos Vereadores. Nós estamos aqui, hoje, por intermédio do
Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua, reivindicando realmente uma
política social voltada a essas pessoas que hoje vivem na rua, porque, desde o
dia 14, estamos sendo corridos das praças, sem nos darem nada para ter o
contraponto. A Polícia Civil e a Brigada Militar, por meio dos seus comandos,
estão indo tirar o pessoal da praça, sendo que não dão um local para colocar
essas pessoas que hoje vivem na rua, porque eu acho que ninguém quer ocupar
praça pública; ninguém, ser humano nenhum quer morar na rua. Eu acho que está
faltando realmente é uma política séria para essas pessoas que hoje vivem na
rua.
Então,
vimos aqui, hoje, para reivindicar aos Vereadores, aos Deputados - a gente fez
convite para todos - que realmente façam um programa social que venha a
contemplar essas pessoas que hoje vivem na rua. Nós não nascemos na rua, a
gente tinha casa, tinha trabalho, tinha educação, mas, infelizmente, com esses
20 anos de Governo, realmente as pessoas em que a gente apostou, votou...
Porque morador de rua tem Identidade, tem Carteira Profissional, tem Título de
Eleitor e tinha casa e profissão. Realmente a gente estava apostando nessas
pessoas para dirigir o nosso povo brasileiro e até hoje não estamos tendo
retorno nenhum.
Eu
comecei o Movimento em 1999 e tinha 300 pessoas na rua. Até o ano passado, eu
fiz o cadastro, deu quase 4.800 pessoas morando na rua, no Centro de Porto
Alegre. Então, a gente vê, realmente, que nada está sendo feito e está cada vez
se agravando mais. No ano que vem, se ficar assim desse jeito, vai ter quase
dez mil pessoas na rua. Então, a gente quer que as pessoas façam realmente
políticas voltadas para que as pessoas não vão para a rua. Ninguém quer estar
morando em praça pública, ninguém quer estar sendo tachado de marginal, de
bêbados e de pessoas que estão fazendo tráfico. Morador de rua não tem nem o
que comer, imagina fazer tráfico de droga!
Realmente,
a gente tem problema, sim, de alcoolismo, mas a gente reconhece isso, mas por
quê? Porque hoje não há política voltada à geração de renda e trabalho para
morador de rua. A nossa luta, sempre, não foi só pedir casa: primeiramente, a
gente pede frente de trabalho e geração de renda. E, através disso, nós vamos
construir as nossas casas, vamos conseguir ter as nossas famílias, os nossos
filhos de volta, porque a grande maioria nossa aqui trabalhava, tem profissão,
e hoje estamos sem trabalho nenhum, estamos morando na rua, passando
necessidade e humilhação.
Eu
acho que a nossa maior humilhação é essa, de agora sermos proibidos de ficar
nos locais públicos, que é realmente do povo. A gente sabe que a praça é do
povo, todos têm direito de usufruir a praça. Mas aí uma pessoa me colocou:
“Lula, por que morador de rua usa as praças?” Porque realmente os viadutos
também estão lotados de gente morando em baixo. E aí os moradores de rua fazem
todas as necessidades na praça. Realmente, mas cachorro de madame, animais na
Redenção também fazem necessidade na praça e não é feio; aí, quando moradores
de rua fazem necessidades na praça, é feio? O que é isso, gente? (Palmas.) São
seres humanos que estão ali, não são animais. E um policial, no dia em que
tirou o pessoal da praça, colocou bem assim: “Nós estamos limpando a praça.”
Acho que se limpa uma praça quando se vai tirar o lixo. Ele está trabalhando
com pessoas, com seres humanos.
Então,
está faltando respeito para com essas pessoas, e a gente não está vendo,
realmente, política voltada aos moradores de rua, que, antigamente, eram
pessoas que moravam em bairro, vila, tinham suas casas, como está acontecendo
agora com o pessoal da Atilio Supertti, que também, daqui a alguns dias mais,
se não resolverem o problema deles, vão ser mais 30 famílias que vão também ser
moradores de rua. Então, por isso eu digo: se não fizermos políticas agora
voltadas a esse momento, que é a exclusão social, eu acho que, no ano que vem,
vai ter dez, doze mil. A gente fica triste de vir aqui falar isso, mas estamos
preocupados mesmo, porque não estamos vendo nada sendo feito para os moradores
de rua. E a gente quando recebe apoio...são poucos apoios, a gente vai a todos
os gabinetes, aqui na Câmara de Vereadores, na Assembléia, convida todo o mundo
para vir, e a gente vê que, realmente, eles não vêm, nem a metade ou quase
ninguém vem. É sinal de que eles não estão interessados mesmo em acabar com a
exclusão social, porque eu acho que isso aí é enriquecimento de poucos, eu acho
que muita gente enriquece com a pobreza, e aí a grande maioria nossa fica aí à
deriva, sendo tachada de marginal, de vagabundos.
Não
somos vagabundos, a gente veio aqui pedir seriedade com os moradores de rua. E
pedimos também trabalho, a gente veio aqui pedir trabalho e respeito, gente.
Acho que têm de ser respeitadas as pessoas. Entenderam? Eu acho que as pessoas,
hoje, não estão trabalhando seriamente com os moradores de rua. É isso.
Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Convido o Sr. Luiz Eduardo de Almeida
Flores a fazer parte da Mesa.
O
Sr. Robson César de Correia Mendonça está com a palavra.
O SR. ROBSON CÉSAR CORREIA MENDONÇA: Boa-tarde à Presidência da Casa, Srs.
Vereadores, autoridades e demais presentes nesta Casa. Eu sou Presidente da
Associação Esperança Moradores de Rua, da Cidade de Porto Alegre, que, no dia
07 de maio, estará promovendo, na Assembléia Legislativa, o 1º Seminário da
População em Situação de Rua de Porto Alegre para debater, justamente, a
questão da exclusão social. Fala-se muito em inclusão social, mas não se fala
da exclusão social, que é o quadro que nós vivemos atualmente. Nós somos uns
excluídos! Excluídos pelos Poderes que nós elegemos! (Palmas.)
Porque,
afinal, quem é o morador de rua? O morador de rua é aquele operário que perdeu
seu emprego; o morador de rua é aquele que foi despedido da fábrica; o morador
de rua é aquele que foi despedido de uma loja, é aquele que foi tirado de
dentro da sua casa porque se entregou à droga lícita, que é o álcool. Nós
temos, dentre os moradores de rua, advogados, engenheiros, pintores,
professores, e ainda, recentemente, um professor com formação de mais de seis
idiomas morreu indigente. Era um professor, uma pessoa catedrática, porque eu
não tenho o primário completo, eu estudei a Carta ABC e a Cartilha na minha
época. Eu fui um homem que serviu em Livramento, na Cavalaria, que hoje em dia
é mecanizada. Eu sou morador de rua que sente na pele a exclusão social feita
pelos nossos Governos, que, quando no grito dos excluídos, colocaram a Brigada
Militar para impedir que um morador de rua chegasse ao palanque e visse as
autoridades! Então, isso é ser excluído e não incluído. E o morador de rua tem
direito, no mínimo, a um pouco de dignidade. A dignidade à qual eu me refiro é
não ir à Polícia, porque a Brigada Militar não tem competência para fazer
investigação nenhuma, e ela vai espancar morador de rua. A Polícia Civil também
vai espancar morador de rua.
E
o que é que as autoridades estão fazendo? Eu quero que os Srs. Vereadores
pensem a esse respeito, e que os Direitos Humanos assumam o seu papel de coibir
o abuso ao ser humano, porque o morador de rua é um ser humano que está sem
lar, sem trabalho, e ele é um trabalhador, porque, cortando uma lata, um
papelão na rua, ele está buscando a sua sobrevivência e está ajudando o País.
Isso é o que eu quero que os senhores pensem. E nós precisamos, sim, de uma
política séria. Precisamos juntar sociedade, precisamos juntar Governo,
precisamos juntar todas as entidades, como os movimentos sociais estão fazendo,
juntando-se, para criar propostas e não só criar, mas botar em prática
propostas viáveis que possam diminuir a contingência de moradores de rua. Isso
só vai ser possível com a junção da sociedade e a política. É isso que eu acho
que deve ser feito.
E
quero, mais uma vez, reforçar um convite a todos aqui para se fazerem presentes
na Assembléia Legislativa, no dia 07 de maio, às 9 horas da manhã, no 1º
Seminário da População em Situação de Rua, onde a população de rua vai estar
levando às autoridades convidadas - a Presidenta desta Casa também já foi
convidada, e todos são convidados - aquilo que é viável fazer para os moradores
de rua, aquilo que se pode fazer hoje, aquilo que se pode fazer amanhã e aquilo
que se pode fazer na semana que vem. É isso que nós vamos levar para vocês.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Convidamos o Sr. Robson César Correia
Mendonça a fazer parte da Mesa.
O
Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Srª Presidenta; Sr. Luiz Eduardo de
Almeida Flores, Presidente do Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua; Sr.
Robson César Correia de Mendonça, o meu abraço e cumprimentos. Junto aos
moradores de rua, encontramos pessoas com excelente visão da vida, com
excelente visão do mundo, com excelente visão dos problemas sociais. E o senhor
disse sério, e sério eu digo: a política precisa ser mais séria, os políticos
precisam, sim, ser mais responsáveis, os políticos precisam realmente trabalhar
de forma diferente e não só nas campanhas eleitorais, nas promessas feitas em
palanque.
Quando
eu assumi - e este é o meu primeiro mandato -, apresentei um Projeto para a
retirada dos meninos e meninas de rua, com o apoio do empresariado de Porto
Alegre. Pensava eu que o Projeto do Tarso Genro viria ao encontro do meu, que a
coisa seria feita, mas morreu na casca e não aconteceu absolutamente nada.
Então, juntam-se os meninos de rua e os moradores de rua.
Vocês
têm todos os direitos, sim. E nesses momentos, quando vejo pessoas tão simples,
pessoas populares, pessoas que têm cheiro de povo, que vêm a esta tribuna e a
usam com desenvoltura para falar dos seus problemas, eu mais uma vez digo
aquilo que venho dizendo ao longo dos tempos: tenho, em certos momentos,
vergonha de ser político, mas vou continuar no sentido e na esperança que vocês
têm de, um dia, saírem das ruas. E a minha esperança é que um dia realmente a
política seja modificada e feita de forma social e não partidária. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sr. Luiz Eduardo de
Almeida Flores e Sr. Robson César Correia de Mendonça, devo dizer que não tenho
vergonha de ser político, faço política por vocação. Acho que as falas trazidas
à tribuna foram extremamente importantes, porque detectam as causas geradoras
dos moradores de rua e de outras chagas sociais.
O
Brasil é um país que investe muito pouco na Habitação, ou quase nada; nesses
últimos tempos, diríamos assim, nessa última década, os investimentos na
Habitação foram extremamente irrisórios. À medida que cresce o desemprego,
vai-se jogando na rua moradores que não conseguem mais pagar a sua locação, que
não conseguem mais comprar, por mais modesta que seja, a sua habitação. Então a
causa está exatamente na falta, basicamente, de geração de empregos. O País
precisa gerar empregos, porque as pessoas empregadas, tendo o seu salário, vão
fazer face às suas necessidades fundamentais, como alimentação, habitação - que
é um problema sério.
Portanto,
saúdo V. Sas que expuseram a questão da melhor forma e quero dizer
que a Casa está à disposição naquilo e nos limites que lhe corresponde. A Casa
é isto aqui, ela tem as suas limitações, mas, no entanto, está, exatamente, de
portas abertas para tentar, juntamente com o conjunto da sociedade e estruturas
institucionais, dar uma saída para este País. Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Eu não posso permitir que naveguem nas
minhas águas: eu também tenho vocação política, Ver. Elói Guimarães, e não
tenho vergonha de ser político, não! Mas, em certas ocasiões, sim! Por favor,
não troque as minhas palavras e colocações!
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Haroldo.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Para contraditar. Absolutamente não
naveguei nas águas de ninguém! Só quero dizer e reafirmar, publicamente, que
tenho orgulho de ser político. Obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Elói.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Queria saudar o Movimento dos Direitos
dos Moradores de Rua, o Luiz Eduardo e queria dizer que o seu pronunciamento
desperta em mim o sentimento de humanização das relações de carinho, de
ternura, inclusive, em busca de um abraço muito maior da sociedade em torno dos
seus problemas.
Eu
não acredito, com toda a sinceridade, que o sistema vá construir uma nova
proposta política para aquelas pessoas que não têm moradia. Outros problemas,
além da moradia, como a fome, como a saúde, como a alimentação, como a
educação, ainda precisam de muita assistência A moradia fica em terceiro ou quarto
lugar.
Mesmo
assim, eu quero lhe dizer que passa pela dignidade do ser humano a moradia, o
teto, ou a grande proteção - o útero -, e isso para nós tem um significado. Nós
tivemos um tipo de desenvolvimento que premiou, inclusive, as questões
econômicas, mas as questões sociais ficaram e acumularam-se durante tanto tempo
que agora nós criamos um verdadeiro monstro, que é a falta de solução para as
questões sociais. Nós berramos, diariamente, nós lutamos, nós bradamos,
inclusive, por essa solução. Mas não é só com discurso que se faz; faz-se com a
prática, faz-se com vontade política e faz-se também com viabilização,
inserindo o País num contexto internacional e deixando de fazer promessas vãs.
Mas
estamos juntos nessa luta, e essa construção precisa ser feita, porque não há
desgraça maior, não há penúria maior do que um sentimento de abandono, um
sentimento de isolamento e, principalmente, sob a intempérie, a pessoa morar,
viver e, principalmente, morrer - morrer sem assistência. Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Verª Margarete Moraes, Presidenta da
Câmara Municipal; senhores representantes dos moradores de rua, Srª Vereadoras
e Srs. Vereadores, confesso que fiquei impressionado com o relato feito pelos
dois representantes dessa coletividade, que me informam que vai a mais de 4
mil, e 4% desses cidadãos possuem curso superior. Fiquei impressionado!
Isso
me reforça uma opinião que tenho: sou contrário à Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Sou favorável apenas ao dever humano. Se todos cumprissem com
o seu dever, ninguém precisaria se lamentar, todos estariam tranqüilos. Mas
parece que o discurso é mais fácil quando se fala na Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Ao mesmo tempo em que se editou a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, editou-se a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do
Homem. Parece que nós esquecemos do dever. A Declaração Americana foi assinada
por 17 países sul-americanos e norte-americanos. No seu art. 29, a Declaração
dos Direitos e Deveres do Homem diz (Lê.) "O indivíduo tem o dever de
conviver com os demais de maneira que todos e cada um possam formar e desenvolver
integralmente a sua personalidade". O art. 35 diz: "Toda a pessoa
está obrigada a cooperar com o Estado, com a coletividade, na assistência e
previdência sociais de acordo com as suas possibilidades e com as suas
circunstâncias.” Portanto, se todos cumprissem o dever, nós não estaríamos
fazendo esta Sessão neste momento.
Mas
eu saúdo a presença dos senhores e espero que aqueles que têm a
responsabilidade maior saibam cumprir com o seu dever e não fazer discursos,
discursos e mais discursos. Saúde e PAZ! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Raul Carrion está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao
Luiz Eduardo, nosso conhecido Lula; nossa saudação ao Robson, em nome de quem
saúdo a todos os moradores de rua aqui presentes que acompanham esta Tribuna
Popular.
Queria
começar dizendo que esse é um profundo problema social e que vocês não devem
ter vergonha de morar na rua, pois quem deveria ter vergonha de morar na rua é
a nossa sociedade, a qual permite, nesta época, onde tanta tecnologia existe,
que ainda existam seres humanos morando na rua.
Queria
dizer que, no nosso Brasil, um País continental com oito milhões e meio de quilômetros
quadrados, é um verdadeiro absurdo - são seis hectares por cidadão - que uma
pessoa não tenha cem metros quadrados para a sua moradia. Eu acompanho há algum
tempo essa luta de vocês, acompanhamos aqui o problema do Parque Maurício
Sirotsky, estivemos à frente da Fundasul, no início da década de 90, procurando
enfrentar de alguma forma o problema. Então, entendemos que é preciso que o
conjunto da sociedade, que a Brigada Militar, que a Polícia Civil respeitem o
morador de rua, que é um cidadão - como foi muito bem colocado aqui - excluído
pela sociedade. Não é ele que procura essa situação, não é ele que cria essa
situação, é a sociedade injusta, a sociedade de exploração que nós vivemos que
cria essa situação.
Então,
recebam a solidariedade do PCdoB, da nossa Bancada, à luta de vocês,
colocamo-nos à disposição para as reivindicações que, certamente, vocês têm e
terão muito pela frente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, senhores visitantes,
representantes do Movimento dos Moradores de Rua, eu quero me somar a algumas
manifestações que aqui já ocorreram sobre a urgente necessidade de se
trabalhar, objetivamente, sobre o problema, que não pode ser
institucionalizado.
No
meu modo de ver, o simples fato de estarmos reconhecendo a existência de uma
entidade, de um Movimento que abarca pessoas que se identificam como moradores
de rua é um escárnio contra todos nós, é um escárnio contra aqueles que têm
condições de, objetivamente, enfrentar o problema.
Alguém já disse isto, e eu
reforço: nós temos de partir do discurso para a prática. Nós temos de cobrar de
quem tem condições de enfrentar o problema, quer sejam aqueles que estão na
Prefeitura, que estão no Governo do Estado ou que estão no Governo da União -
especificamente os primeiros, os quais têm a ver diretamente com a questão -,
um enfrentamento imediato do problema, porque eu sei que ninguém escolheu a rua
como local ideal para estabelecer a sua moradia. Ninguém está morando ali
porque gosta ou porque quer. Ninguém está morando ali por opção, ninguém está
morando ali por escolha, mas, sim, porque não lhe dão outra oportunidade.
Então,
eu falo, inclusive, com autoridade de quem já esteve, por duas vezes, dirigindo
o Órgão de Habitação do Município de Porto Alegre e que entende que, no
presente momento, nós só trabalhamos na emergência e só oferecemos resposta
diante do protesto, diante da provocação. Isso estimula Movimentos semelhantes
aos seus, alguns até provocando invasões de propriedades no desespero, por não
encontrar outra forma de solução. Para que o desespero não tome conta, urge que
se apresentem, agora e já, propostas concretas para oferecer solução aos
senhores que gostariam de perder a condição de moradores de rua de Porto
Alegre. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino Besson está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ERVINO BESSON: Srª Presidente, Verª Margarete Moraes;
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos
acompanham nas galerias, Sr. Luiz Eduardo de Almeida Flores, Presidente do
Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua, Sr. Robson César Correia de
Mendonça, eu queria, em nome da minha Bancada, o PDT, juntamente com o Ver.
Isaac Ainhorn, Ver. Dr. Goulart, Ver. Nereu D’Avila, Ver. João Bosco, saudar a
luta de vocês.
Nós
todos somos iguais, todos somos mortais. Nós só vamos ser diferentes uns dos
outros no dia em que aparecer alguma pessoa que seja imortal. Portanto, neste
planeta Terra, isso não existe hoje. Então, eu tenho o maior respeito por
vocês.
Uma
observação eu quero fazer ao Sr. Robson, que disse que a Brigada Militar e a
Polícia Civil só prestam para bater em moradores de rua. Eu quero dizer a V. Sª
que tenho o maior respeito e acho que a nossa Brigada Militar e a nossa Polícia
Civil são duas entidades que orgulham o nosso Rio Grande pelo trabalho que
prestam, apesar das dificuldades que enfrentam.
Por
outro lado, qual é a política agrícola que nós temos neste País? Há muito tempo
não temos uma política agrícola. O êxodo rural que acontece hoje, que gera os
moradores de rua, deve-se a não existência uma política agrícola. E digo mais:
convido vocês a permanecerem aqui, depois do término dos dois minutos que as
Bancadas têm para se pronunciar, conforme determina o Regimento, pois eu farei
um pronunciamento a respeito do que está acontecendo na área rural de Porto
Alegre, para evitar que aconteçam com outras pessoas esses problemas que estão
acontecendo com vocês.
Portanto,
em nome da Bancada do PDT, quero saudar vocês pela luta. E acho que nós,
também, temos obrigação de estarmos junto, porque, quando fui eleito Vereador,
prestei um juramento e digo que cumpro o meu mandato com dignidade e com
honestidade. É por isso que fui eleito por esta Cidade e é para isso que eu
prestei um juramento. Obrigado e um abraço a vocês.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Luiz Flores, Sr. Robson Correia, a
nossa saudação às representações do Movimento e também a todos os moradores de
rua que se fazem presentes neste plenário. É de tamanha importância para a
Câmara de Vereadores reconhecer o direito de organização de V. Sas,
de estarem aqui presentes e usarem a tribuna da nossa Casa para fazer o debate
político.
Nós
queremos colocar, de antemão, à disposição o trabalho da nossa Bancada;
acredito que a Casa fará o mesmo, no sentido de apoiar esse seminário que
acontecerá na Assembléia Legislativa, realizado pelo próprio Movimento para
discutir os seus problemas. Acho que, como Vereadores, devemo-nos somar a essa
construção.
Eu
acho que é importante, Verª Margarete Moraes, nossa Presidente, assumirmos o
compromisso com o Movimento de pedir que a Comissão de Direitos Humanos desta
Casa faça uma audiência para ouvir os moradores sobre esse caso de “higienização”,
porque a política que está sendo orientada pela cúpula da Brigada Militar e
pela cúpula da Polícia Civil é “higienização”, sim, é tratar como um problema
policial um problema que é social. Portanto, nós achamos que esta Casa, através
da Comissão de Direitos Humanos, tem de ouvir os moradores e encaminhar uma
proposição para o Secretário Estadual para que esse tipo de política não
continue, porque é uma política antidireitos humanos, não é uma política que
garanta direitos humanos.
Nós também queremos dizer que as políticas que o Município
vem desenvolvendo trabalham no sentido de integrar um conjunto de ações. Há
necessidade de conversarmos com o Governo Estadual para tratarmos dessas
políticas, pois o morador de rua não é de um local, ele é migrante, ele é da
Grande Porto Alegre... então, as ações têm de ser integradas, o problema social
é muito grande. Os dados do IBGE, só aqui em Porto Alegre, apontam 11% da
população na miséria e mostram que este sistema que está aí - sistema onde
todos nós somos mercadoria - não está funcionando, as pessoas estão indo morar
na rua porque não têm condições de pagar aluguel, não têm condições de
sustentar a família. Portanto, é necessário mudar este sistema que está aí, que
transforma todos nós em mercadoria.
Acredito que o seminário que vocês estão realizando vai
poder abordar isso e vai propor saídas e propostas, pois eu acho que Governos
devem se somar a essas propostas. A Câmara de Vereadores e a nossa Bancada
estarão à disposição para acompanhar isso.
Novamente, Vereadora-Presidente, reafirmo aqui um
Requerimento, em nome da nossa Bancada, para que se faça uma audiência na
Comissão de Direitos Humanos desta Casa para tratar desse problema, pois
morador de rua não é assunto de Polícia, é problema de políticas públicas, é
problema de inclusão social. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Sr. Luiz Eduardo Almeida Flores,
prezado Presidente do Movimento de Direitos dos Moradores de Rua, que eu vou
chamar de Lula, como assim o conheço; prezado Robson, esta é a Casa do
contraditório e a Casa onde são postas todas as questões. Na realidade, a luta
dos senhores é uma pressão social contra a exclusão social - isso aí, de
maneira clara. Mas eu vejo muito mais, porque vocês precisam suprir suas
necessidades básicas, e a auto-estima de vocês está lá embaixo. Na realidade,
cada vez mais nós temos de discutir políticas públicas que façam com que este
País possa, cada vez mais, equacionar a questão de geração de emprego e renda.
No
dia 11 de maio - e é um bom momento para vocês já estarem sendo convidados -, a
Comissão de Finanças e Orçamento, a qual eu presido, vai fazer aqui na Casa uma
discussão sobre políticas de geração de emprego e renda. Mas eu acho que a
discussão é bem maior, porque, na realidade, o que aconteceu com os senhores -
e o Lula sabe, recentemente ocorreu isso em outros lugares - é uma pressão da
própria sociedade contra os senhores. E o que nós temos de fazer, cada vez
mais, é também discutir a questão dos espaços públicos, porque os espaços de
praças, parques são também o espaço de ir e vir de toda a sociedade.
Então,
vocês estão lá - como foi dito - não por vontade própria, mas por exclusão, ou
seja, vocês foram empurrados para isso. Agora, o que fazer? Essa é a grande
discussão. Hoje, de forma clara e fraterna, não existe ninguém no nosso País
que possa dar uma solução. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Encerrando este momento, eu declaro que
acato o Requerimento apresentado pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.
Encaminharemos à Comissão de Diretos Humanos o pedido de uma audiência sobre essa
questão do Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua.
Eu
quero agradecer, mais uma vez, a presença dos senhores e dizer que serão sempre
bem-vindos, sempre com muito respeito desta Casa, e desejamos a vocês uma boa
luta. Parabéns pelo seu trabalho.
Está
encerrada a Tribuna Popular.
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para uma Questão de Ordem.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Srª Presidente, eu solicito a inversão da
ordem dos trabalhos, no sentido de que se passe agora ao tempo de Grande
Expediente, para que esta Câmara tenha a oportunidade de homenagear o CIEE
pelos 35 anos de fundação.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Em votação o Requerimento apresentado
pelo Ver. João Carlos Nedel de inversão da ordem dos trabalhos, para que, de
imediato, passemos ao período de Grande Expediente. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)
APROVADO pela unanimidade dos presentes.
Passamos
ao
Este período será destinado a homenagear o transcurso dos 35
anos do Centro de Integração Empresa-Escola, CIEE.
Eu
convido, com muito orgulho, para compor a Mesa dos trabalhos o Sr. Otto Beiser,
Presidente do CIEE, e o Sr. Thômaz Nunnenkamp, representante da FIERGS. Sejam
bem-vindos!
O Ver. João Carlos Nedel, proponente desta homenagem, está
com a palavra em Grande Expediente.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Exma Srª Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre, Verª Margarete Moraes; Sr. Otto Beiser, Presidente do CIEE; Sr. Thômaz
Nunnenkamp, Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do
Sul; Dr. Sérgio Saraiva, Presidente do Conselho Deliberativo do CIEE; Dr. Luiz Carlos
Eymael, Superintendente Executivo do CIEE; Sr. Luiz Fernando
Moreira, Superintendente Administrativo; Dr. Henrique Anawate, Vice-Presidente
do Conselho Deliberativo; Sr. José Alberto Pinheiro Vieira, Presidente da
Câmara Municipal de São Luiz Gonzaga, que veio especialmente para esta
homenagem, reconhecendo o magnífico trabalho que o CIEE realiza na Cidade de
São Luiz Gonzaga; funcionários, amigos, colaboradores, conveniados com o CIEE;
Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; senhores da imprensa; senhores e
senhoras.
O bem comum é o objetivo maior da
política. Não têm sido poucas as vezes que, desta tribuna ou em palestras que
realizo nas comunidades, tenho-me referido à necessidade de os Governos e a
iniciativa privada, para participarem de sua conquista, procederem ao
planejamento de suas atividades segundo uma visão sistêmica. Pois, certamente,
não faltam talento nem inteligência a uns e a outros para encontrar as soluções
adequadas para problemas pontuais. Temos, inclusive, uma certa tradição
casuística que, conforme o ângulo pelo qual seja vista, pode ser entendida como
boa, pois reveladora de nossa capacidade de resolver problemas específicos com
relativa facilidade, mas também pode ser encarada como muito má, pois expõe à
luz nossa grande dificuldade para resolver macroproblemas de configuração
sistêmica.
Entre os grandes problemas que nosso País,
hoje, enfrenta, certamente o do desemprego é um dos mais preocupantes,
exatamente pelas suas repercussões acima e além do próprio fato sócio-econômico
que é. E notem que não me refiro à falta de emprego, mas, sim, ao desemprego.
Pois é fato sabido que um número muito grande de vagas, aqui mesmo no Rio
Grande do Sul, deixa de ser preenchido por falta de candidatos capacitados. No
entanto, o Programa Primeiro Emprego, do Governo Federal, que, em tese, é uma
boa idéia, não decolou e alcançou apenas um por cento da meta prevista para o
ano passado. Por outro lado, no ano passado, 12.500 vagas nas universidades
públicas deixaram de ser preenchidas, 50% delas destinadas à formação de
professores, o que não dá para entender, pois o Brasil tem um déficit de cerca
de 250.000 professores.
Dei apenas dois exemplos. Poderia dar
dezenas. Porém, se for perguntado aos técnicos de cada área no País sobre quais
os motivos de tantas coisas desse tipo acontecerem, cada um vai dar suas
próprias explicações, na maioria dos casos centradas na sua visão setorial e,
portanto, distantes da visão do conjunto. É por essa razão que projetos bem
idealizados são, muitas vezes, mal implementados e, assim, geram escassos ou
nulos resultados.
O Centro de Integração Empresa-Escola -
CIEE - é uma rara e notável exceção neste cenário que acabo de analisar. Notem
que sua vocação está já explícita em seu próprio nome: integração. Integração
da empresa com a escola e de ambas com mercado.
O
CIEE atua sempre na busca da integração do processo educativo à realidade do
mercado de trabalho, dando ao estudante, na condição de estagiário, a
oportunidade de colocar em prática os ensinamentos adquiridos nas escolas e
universidades. Assim, é através do seu programa de estágios que os estudantes
ingressam no mercado profissional, dando o primeiro passo em suas carreiras ou
atividades, diretamente ligadas à sua formação educacional. O CIEE/RS é hoje
responsável pela introdução no mercado de trabalho de milhares de estudantes de
nível médio e superior, pois todos os dias recebe e encaminha cerca de 1.500
jovens à procura de uma vaga de estágio nas mais de 13.500 empresas e entidades
conveniadas no Rio Grande do Sul. Veja-se a beleza que o trabalho do CIEE
representa, em termos de integração, capaz de conjugar interesses diversos, em
benefício do todo. Foram
900 mil estudantes colocados em estágios, nesses 35 anos. Beneficiaram-se disso
não apenas os estudantes, mas também as empresas, as universidades e a própria
sociedade no seu todo, pois dessa integração foi obtida a sinergia necessária à
obtenção de bons resultados comuns. O CIEE dá, assim, um excelente exemplo de
busca e conquista do bem comum, de forma concreta.
Foi por reconhecer
essa realidade que propus que o Grande Expediente de hoje fosse dedicado a
homenagear os 35 anos de existência do CIEE. E, certamente, foi pela mesma
razão que a unanimidade dos Vereadores aprovou minha proposição. Recebam os
dirigentes e os colaboradores do CIEE, em nome da Bancada do Partido
Progressista, que represento nesta Casa, dos Vereadores João Antonio Dib, Beto
Moesch, Pedro Américo Leal e deste Vereador, o reconhecimento do povo de Porto
Alegre e os nossos votos de que essa entidade se mantenha, como até aqui,
sempre na vanguarda dos desbravadores do caminho do bem comum. Que Deus Nosso
Senhor abençoe a todos. Parabéns! (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero registrar, com muito prazer e
muita alegria, a visita orientada de 31 alunos da 3ª Série da Escola Estadual
de Ensino Fundamental Pedro Américo, acompanhados das professoras Miriam
Rigotti e Tânia Noimann. Esta atividade faz parte do Projeto de Educação
Política que o Memorial desta Casa desenvolve junto a escolas e entidades de
Porto Alegre e da Região Metropolitana. Parabéns, sejam sempre bem-vindos.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Grande Expediente.
O SR. ISAAC AINHORN: Srª Presidenta, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu quero, em meu
nome pessoal e em nome do meu Partido, saudar o CIEE pelos seus 35 anos de
existência, oportuna iniciativa do Ver. João Carlos Nedel. Aliás, anualmente,
os registros de aniversário do CIEE são permanentemente feitos aqui nesta Casa,
ora pelo Ver. Pujol, ora pelo Ver. Beto, ora pelo Ver. Sebenelo, pelo Ver. Elói
e por tantos outros Vereadores. Eu entendo que a sociedade porto-alegrense e
rio-grandense têm uma dívida de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelo
Centro de Integração Empresa-Escola.
Se
não houvesse essa instituição desde 1969, nós estaríamos, eu digo, com enormes
dificuldades do ponto de vista da integração do jovem ao trabalho. E essa
integração por meio do estágio tem proporcionado uma contribuição de grande
reconhecimento e utilidade pública, sobretudo numa época como esta de
dificuldade econômica, de dificuldade do primeiro trabalho, do primeiro
emprego, de absorção da mão-de-obra, do jovem que sai do ensino técnico, do
ensino de 1 º e 2º Grau, da faculdade e não encontra o necessário mercado de
trabalho para absorção da sua mão-de-obra. Eu quero dizer, meu caro Ver. Pujol,
que o CIEE, nos seus 35 anos, cumpriu a sua missão, aproximando as empresas.
E
não só quero puxar a questão para o Rio Grande, para Porto Alegre, mas, outro
dia, quando aqui fazíamos uma homenagem, nesta Casa, concedendo a Jacob
Vontobel o Título de Cidadão de Porto Alegre, eu dizia que meu Partido tem no
seu programa o princípio da prioridade do trabalho sobre o capital. Sem deixar
de reconhecer que o capital da sociedade rio-grandense foi forjado pelas levas
de imigrantes que aqui chegaram, sem nada, na busca e no afã daquilo que se
chama “fazer a América”. E, hoje, há tantas famílias, das mais diversas etnias
e origens, imigrantes alemães, italianos, espanhóis, libaneses, judeus,
portugueses, negros, Ver. Elói, que aqui chegaram e construíram esta
extraordinária Pátria e este Estado que tem um perfil e uma estrutura de base
de classe média.
Nós
temos, sim, muitas dificuldades, mas o CIEE, nos seus 35 anos, cumpriu a sua
parte.
Há
pouco, conversava com meu colega de Bancada, Ver. João Bosco Vaz, que iniciou a
sua atividade de trabalho - não de emprego, mas de trabalho - por meio de um
estágio conquistado nesse Centro de Integração Empresa-Escola. E aqui mesmo, um
funcionário graduado deste Plenário, do Partido dos Trabalhadores, acena com a
cabeça confirmando que ele também. E, em cada Plenário, em cada encontro, em
cada reunião, nós vamos identificar essas pessoas.
Eu
não tive essa sorte. E, olha, era difícil encontrar um espaçozinho para
trabalhar. Eu não tive essa sorte, nem o Ver. Pujol, porque nós nos formamos no
ano em que o CIEE foi constituído: em 1969. Não é isso, Ver. Pujol? Não tivemos
essa ventura. Então, nós temos um reconhecimento: ter intolerância em relação a
esse trabalho é de um preconceito sem precedentes, ele transcende a qualquer
conotação de natureza ideológica, apesar de ter sido construído dentro de uma
visão empresarial. Nós não temos de ter preconceito, Vereador. Eu,
particularmente, não tenho, embora seja forjado dentro da minha história
pessoal, que foi uma história que se construiu dentro de uma concepção
ideológica de extrema esquerda. Mas é como eu digo: quem não foi comunista na
juventude não tem coração - sem qualquer preconceito ao Ver. Raul Carrion.
Digo, na minha visão, que quem, depois, continua comunista não tem razão, mas
isso são outras ponderações.
Eu
não vou entrar nesse debate, porque hoje é um dia de homenagem, é um dia de
alegria, é um dia de comemoração pelos 35 anos do Centro de Integração
Empresa-Escola. Porto Alegre e o Rio Grande têm em relação a essa instituição
uma dívida de reconhecimento, de gratidão pelo seu trabalho. Aqui mesmo, esta
Casa celebra convênios com CIEE, identifica no CIEE a entidade mais
responsável, mais autorizada, com um nível maior de integridade, que nós
identificamos no seu corpo diretivo, no seu corpo de executivos, no seu corpo
de funcionários. Isso é o motivo de orgulho e satisfação para todos nós, porque
é dinheiro que também, uma parcela dele, certamente, vem lá da mão-de-obra do
trabalhador. E permite a quebra de um preconceito.
Eu,
particularmente, acho que rigorosamente não tem idade para se iniciar a
trabalhar; eu tenho essa visão. Muitas vezes, hoje, defende-se essa tese de que
o menor não pode trabalhar, que ele tem de ser preservado, tem de ficar
direcionada a sua ação à escola e ao lazer. Eu também defendo a escola e o
lazer, e, conjugado a isso, o trabalho nunca fez mal a ninguém, seja com 13
anos, 14 anos, 15 anos de idade. É óbvio que nós condenamos formas de
atividades que não cabem ao menino, ao jovem, mas ser um office-boy de um banco, de uma empresa, de uma instituição,
trabalhar em várias atividades só é motivo de satisfação. Quem começou a
trabalhar nessa idade, eu tenho certeza de que se orgulha dessa condição, e a
partir dali pode construir o seu futuro de forma muito mais rigorosa.
Portanto,
neste momento, eu encerro, em nome do meu Partido, do Ver. Nereu D’Avila, do
Ver. Dr. Goulart, do Ver. Ervino Besson, do Ver. João Bosco Vaz, que integram a
nossa Bancada, saudando os 35 anos do CIEE. Oxalá possamos comemorar aqui os 40
anos, os 50 anos e o centenário do nosso Centro de Integração Empresa-Escola.
Vida longa ao CIEE! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a manifestação do Ver. Isaac
Ainhorn e, antes de passar a palavra para o próximo Vereador inscrito, quero
registrar também que o CIEE é parceiro desta Casa na Semana do Trabalho, que
vai acontecer precisamente no dia 07 de maio. Será uma mesa de debates, às 9
horas, neste plenário, sobre o mercado de trabalho e instituições, dirigida a
estudantes das escolas públicas de Porto Alegre. Este também é mais um motivo
de satisfação para esta Presidência.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de
tempo do Ver. João Carlos Nedel.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho, Ver. Dr.
Goulart, entre as minhas predileções de leitura, um autor que é um dos maiores
pensadores do mundo atual. Ele é Prêmio Nobel de Física, Ilya Prigogine, que
tem uma descendência húngara, mas mora na França. Escreveu um livro definitivo
chamado “O Fim das Certezas”.
Fomos
educados com tabuadas, com a certeza dos ábacos; fomos educados com a decoreba
dos afluentes do Amazonas, do lado esquerdo e do lado direito, e a pergunta
ficou. Quando recitávamos em jogral todas essas formas de aprendizado, apenas
uma passagem do conhecimento de gerações mais velhas para gerações mais novas,
a pergunta ficava: “Isso é o certo?” Sim, era o certo. Apenas as próprias
certezas de todas as definições foram modificadas no dia em que eu descobri que
a reta não é a distância menor entre dois pontos; a reta é uma circunferência,
ela é uma curva, cujo raio tem uma derivada que tenderia ao infinito. E aí,
então, começaram a mudar todos os meus conceitos.
Na
verdade, a certeza havia levado o mundo ao racionalismo depressivo, guerreiro e
imutável, eu chamo de racionalismo chauvinista. Na mudança vertiginosa que o
mundo experimenta em todos os sentidos que possam ser analisados, em especial a
aplicação em rede dos avanços tecnológicos na era da imagem, do apequenamento
das distâncias e da instantaneidade das informações, presenciamos o
desaparecimento de velhas e o surgimento de novas profissões, do prosaísmo dos
acendedores de lampiões a gás ou a óleo ao desaparecimento da profissão de
telefonista, hoje substituída pelo computador.
Falamos
sobre vocações, desemprego e sobre desumanização das relações humanas,
inclusive as de trabalho. É indispensável que as escolas se adaptem às
necessidades de mercado, que se modelem ao sabor das incertezas científicas,
que se preocupem com a formação e o futuro de nossos jovens, com a sua
visibilidade tanto econômica quanto profissional, permitindo às próximas
gerações se aproximarem do pleno emprego e do bem-estar social.
A
Cidade de Porto Alegre tem o seu “calcanhar de Aquiles” na área social; e
dentro dele a vulnerabilidade de uma política de ensino em que ora o construtivismo,
ora o sistema por ciclos, ora a ideologia do Secretário de plantão orientam de
um lado para outro a cabeça em formação de nossas crianças - querendo
enlouquecer uma tropa, mude-se de general a toda hora -, esquecendo-se de que,
logo ali, estarão disputando um mercado de trabalho altamente competitivo,
agravado pelas maiores cifras de desemprego da história do País. De um lado, é
evidente que não podemos perder nossos continuum
culturais e, muito menos, nas tentativas de coalescência cultural, perder as
marcas de nossas origens, de nossa arte, de nosso folclore.
É
neste panorama que se insere a presença do Centro de Integração Empresa-Escola,
nesses 35 anos de existência. Na Cidade de Porto Alegre, por uma questão
meramente ideológica, na era das coalizões, a imposição de um sistema de
“coisificação” cerebral, a nossa juventude fica à mercê de um projeto em que o
mercado deixa de ser importante para dar passagem a um projeto ideologicamente
unilateralizado, diminuindo as chances de conhecimento e de competitividade na
hora do primeiro emprego, da escolha de atividades laborais, que, se bem
encaminhadas, podem significar prazer e, dedicando-se a elas grande parte da
utilidade de seus dias, trazem ao futuro trabalhador a chance inigualável da
felicidade de transformar o que já foi forçado e escravizante em lazer puro e
prazer puro - verdadeira construção do amor pela atividade que desempenha e
sustentáculo econômico de sua família.
Vejamos,
como já disse o Ver. Nedel, o rendimento do Programa Primeiro Emprego: uma
pessoa, no Brasil, teve esse emprego. Ao mesmo tempo, desempregamos, numa
pernada só da Presidência da República deste País, 320 mil pessoas, anulando o
trabalho dos bingos.
Quando
se fala no futuro dos empregos, a unanimidade das pessoas passa a falar em
turismo. Para cada emprego na área de turismo, nós temos cinco empregos
indiretos. Pois o futuro da humanidade, que é o turismo...passa, na Cidade
Porto Alegre, a Empresa Porto-alegrense de Turismo, que deveria se transformar
numa Secretaria Municipal de Turismo, a ser um escritório subserviente da
Secretaria Municipal de Indústria e Comércio.
Pois
é exatamente hoje, nesta comemoração pela existência desse centro de integração
trabalho/escola, que saudamos uma nova proposta aliando mercado e ensino, junto
a outros pré-requisitos e novas metas de conhecimento. Isto tem de ser saudado:
mercado e ensino. Esse tem sido o trabalho do CIEE - Centro de Integração
Empresa-Escola. Longe de representar, muitas vezes pelas deturpações
indisfarçáveis, o aprendizado do estagiário em mão-de-obra barata e
descompromissada com obrigações trabalhistas, é a oportunidade de ingresso e
convívio salutar com as empresas, antes da escolha vocacionada, permitindo não
só o aprimoramento dessa escolha como a abertura de um leque muito mais amplo,
muito mais rico em trajetos, que pode abrir, muitas vezes, as portas da
felicidade e da qualidade de vida aos nossos brasileirinhos, que merecem,
indiscutivelmente, toda a oportunidade e a receptividade por parte do conjunto
de empresas ou do complexo estatal.
Por
isso comemoramos, por isso brindamos a um sistema que faz essa aproximação, que
possibilita esse aperfeiçoamento e que é fator de euforia social que tanta
falta faz ao inconsciente coletivo para distanciar-nos do depressivo noticiário
eivado de desconhecimento, desemprego, miséria, fome, doença - marcas que têm
sido indeléveis e que só serão removidas por uma educação mais clarividente,
mais saudável e um pleno emprego keynesiano
a ser atingido por sociedades mais humanas e competentes, ou pela equação:
empresa + escola + integração = felicidade social. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
em Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Luiz Braz.
O SR. REGINALDO PUJOL: Exma Srª Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes; Srs. Vereadores. (Saúda
componentes da Mesa e demais presentes.) Trinta e cinco anos do Centro de
Integração Empresa-Escola do Rio
Grande do Sul - 1969 a 2004. O Ver. Isaac Ainhorn, em sua manifestação, lembrou
que, no ano de 1969, tanto ele quanto eu concluíamos a nossa formação
universitária. Na oportunidade, a figura do estágio não era mais do que uma
referência em leis que começavam a surgir, especialmente a Lei nº 4.125, que
buscava, na nossa atividade, na minha e do Ver. Isaac, como de resto de outros
colegas da Casa - a advocacia -, introduzir a figura do estagiário que viria a
substituir a figura do Solicitador Acadêmico, que era o que caracterizava a
possibilidade de intervenções processuais dos acadêmicos de Direito no quarto e
quinto ano da faculdade, na vigência dos outros dispositivos legais que
regravam a matéria.
A
nossa Cidade, a Cidade de Porto Alegre, era uma Cidade bem diferente. O Canali
deve lembrar perfeitamente bem disso, o bonde chegava ainda à Vila dos
Industriários. O programa de final de semana era disputar uma entrada do Cinema
Imperial ou do Cinema Cacique e, quando muito, uma bela festa programada nos salões
da Reitoria. A informática era apenas motivo de reportagens sérias, como da
Revista Realidade, e nós antevíamos uma situação que mais parecia um conto do
Júlio Verne do que propriamente um prognóstico sério que pudesse ser levado em
referência.
Nesse
contexto, surgiu o CIEE, numa postura vanguardeira, revolucionária,
transformadora e preconizadora de uma nova realidade que a integração
escola/empresa haveria de começar a propiciar. Nem sei se o Eymael e o Bins já
atuavam no CIEE naquela ocasião; provavelmente não! Ontem, ainda, no ato
oficial de homenagem aos 35 anos do CIEE, ouvimos, no pronunciamento oficial
daquele acontecimento, referências aos pioneiros, aos fundadores dessa
entidade, cujos méritos nós estamos decantando no dia de hoje.
Pessoalmente,
eu recebo até uma incumbência que me é muito gratificante: liberal que sou -
único liberal da Casa -, recebo um apelo do Ver. Raul Carrion, dele e do
Partido Comunista do Brasil, para que também, em seu nome, eu me manifeste
nesta ocasião; lembrando-me, o Ver. Raul Carrion, de que ele é um dos tantos gaúchos, nesse quase um milhão de gaúchos,
que, ao longo desses 35 anos, pela porta larga do CIEE, acabou aprimorando a
sua formação profissional e encaminhando-se à sua atividade futura através de
um estágio qualificador da profissão que havia optado por desenvolver.
A
continuidade das atividades, a transformação que teve o País e o mundo nesse
particular não só foram acompanhados pelo CIEE, como foram por ele antecipados
em vários momentos e em várias ocasiões. Isso permite, Ver. Sebenelo, que, no
dia de hoje, quando nós estamos aqui homenageando a entidade pelo transcurso do
seu trigésimo quinto aniversário, a gente possa elencar uma série de
acontecimentos, uma série de fatos, uma série de momentos que transforma a
nossa homenagem numa verdadeira redundância. Porque falar no CIEE, hoje, é não
só falar em integração, como também falar em qualificação profissional, em
abertura de oportunidades, em melhoria e, até mesmo, em complementação do
ensino acadêmico que é desenvolvido nas nossas universidades. Diz-se, com muita
freqüência, que nós temos alguns vezos no nosso currículo universitário, que é
o desconhecimento da prática na maioria das atividades. Hoje os estágios são
propiciados pelos convênios mantidos pelo CIEE, que atuam como elemento de
complementação da atividade acadêmica, a qual, até muito pouco tempo, era, absolutamente,
voltada para o formal e muito pouco integrada na realidade social em que se encontra inserida.
Por
isso, Srª Presidenta, sinto-me extremamente gratificado de poder, em nome do
Partido da Frente Liberal, meu Partido, saudar os dirigentes do CIEE, Centro de
Integração Escola-Empresa, neste momento especialíssimo em que comemoram essa
marca atingida pela entidade. Na verdade, diziam há poucos dias aqui, na Casa,
Ver. Elói Guimarães, referindo-se a uma situação símile, que poucas são as
empresas, as entidades, as sociedades que conseguem ter uma longevidade maior.
Uma atividade inovadora, como foi a do CIEE, corria o risco de não prosperar e
de não se alongar na sua existência.
Há
cinco anos, quando aqui festejávamos os 30 anos do CIEE - naquela ocasião fui o
autor da homenagem, Verª Margarete, e V. Exª, provavelmente, encontrava-se
desenvolvendo o seu trabalho na Secretaria de Cultura do Município -, o que se
dizia era que os 30 anos eram uma demonstração de afirmação, dos avanços e das
conquistas. Pois, hoje, nós chegamos aos 35 anos, em cima dos quais, nós
podemos ter um vaticínio. Essa idéia que prosperou, que se desenvolveu e que se
afirmou não pára mais, vai prosseguir. E certamente, daqui a cinco anos, quando
fechar os 40 anos, outros, e não nós, estarão aqui para dizer: “Parabéns,
Centro de Integração Escola-Empresa, continue! O seu trabalho é meritório, é
qualificador e é, sobretudo, uma experiência que deu certo neste País, onde
tantas coisas dão erradas”. O CIEE provou que, quando se trabalha com
seriedade, com planejamento, com predeterminação para se chegar ao êxito,
inevitavelmente este é alcançado. Chego ao final do meu discurso dando essa
saudação a esta entidade que, com tanto mérito, com tanta razão, com tanta
justificativa recebe as homenagens da Casa neste dia. Muito obrigado, Srª
Presidenta. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães, Vice-Presidente
desta Casa, está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo da Verª
Maria Celeste.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Inicialmente quero agradecer à Verª Maria Celeste pela cedência de
tempo e elogiar a iniciativa do Ver. João Carlos Nedel. Falo em nome do meu
Partido, o Partido Trabalhista Brasileiro, e também em nome do Partido dos
Trabalhadores e do Partido Comunista do Brasil, representado pelo Ver. Raul
Carrion.
Gostaria
de cumprimentar aqui os colaboradores, os funcionários desse grande e magnífico
programa de integração empresa/escola e dizer que esta é uma data extremamente
gratificante para a Casa do Povo de Porto Alegre, que homenageia esta
instituição a qual, aos 35 anos, diz que o Brasil tem solução, sim. O nosso
País tem solução na medida em que adotamos políticas, providências, programas
como os do CIEE. Eu estava, ontem, na Federasul, quando da homenagem ao CIEE.
Foi entregue um troféu ao Presidente do CIEE, aqui presente - lá estávamos
representando a Verª Margarete Moraes -, e pudemos perceber o imenso carinho, a
solidariedade de todos que lá estavam com essa instituição. É magnífico, porque
tenho depoimentos dramáticos sobre o CIEE. Outro dia, não faz muito, encontrava
um jovem que me dizia: “Vereador, estou podendo estudar, estou podendo pagar o
meu estudo e” - na expressão dele - “me sobram uns pilinhas para o lanche”.
Vejam que depoimento dramático, que coisa fantástica! Isso faz com que passemos
a refletir sobre esse programa do CIEE, em que a condição é estudar para
ingressar no programa - só por esse motivo já mereceria todos os elogios. Leva
o aluno ao trabalho, e o trabalho - nós todos dizemos - dignifica, constrói,
realiza, firma o caráter do cidadão.
Que
bom, Presidente, se nós pudéssemos fazer com que todos os estudantes do curso
secundário e da universidade pudessem ser conveniados ao CIEE. A sua
abrangência é significativa, é bem verdade. (Mostra mapa.) Aqui nós temos um
mapa do Rio Grande do Sul, onde estão pontilhados os lugares onde o CIEE atua:
são 52 escritórios regionais, 118 representantes, 905 instituições de ensino
conveniadas, 9.371 instituições empresariais conveniadas. Vejam que programa
fantástico! Atua em parceria com a iniciativa privada e com a iniciativa
pública! Esta Casa também é parceira do programa do CIEE.
Então,
nós aqui falando temos a mais absoluta convicção de que estamos agradecendo,
Presidente, em nome de milhares e milhares de jovens que, pelo programa do
CIEE, têm a oportunidade de estudar e trabalhar. E, com os recursos e com a
colaboração da sua atividade, podem pagar os estudos, e sobra - como seu viu no
depoimento desse jovem - alguma coisa para sobreviverem.
E nós assistimos antes, aqui, nesta Sessão, um quadro - nós
vimos aquele quadro, todos estavam aqui assistindo - dos moradores sem casa,
sem teto, sem salário, sem emprego, sem nada. Onde é que está a causa disso? É
o cidadão sem emprego, é o estudante sem emprego, sem a possibilidade de
trabalho, e, aí, termina na rua. Então, está aí um modelo para o Brasil - esse
é o modelo! Porque se gasta muito mal o dinheiro público. Esta é a grande
verdade!
Este dia em que a Casa se sente prestigiada por poder
homenagear os 35 anos do CIEE, o seu labor, o seu trabalho, é um dia para que
reflitamos sobre todo esse complexo de realidades por que passa o nosso País.
Então, bem-aventurados os programas como esses do CIEE. Desejamos, neste dia,
que o programa possa alcançar todos os estudantes do curso secundário e do
curso superior, porque melhoraríamos as condições gerais daqueles que fossem
atendidos, sem falar em outros programas, Presidente, que tem o CIEE.
Então,
V. Sas estão de parabéns. E que o CIEE continue, eternamente,
fazendo, exatamente, o que vem fazendo. E, aqui, estamos falando em nome da
Cidade, mas temos certeza absoluta de que estamos falando por milhares e
milhares de estudantes que tiveram a oportunidade de fazer um estágio e, por
meio do estágio, continuar estudando, ter um salário, e aí continuar levando
uma vida com dignidade.
Portanto,
esta é a nossa mensagem. E temos a convicção e a certeza de que programas como
o CIEE haverão de se fazer neste País, para, exatamente, fazer aquilo o que
todos pregamos, que é a redenção dos nossos irmãos, de resto, da sociedade
brasileira. Obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu convido o Sr. Otto Beiser, Presidente
do CIEE, para fazer o seu pronunciamento.
O SR. OTTO BEISER: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Ao agradecer esta Casa por tão importante homenagem, gostaríamos de
registrar a importância que o CIEE tem, hoje, frente à sociedade rio-grandense,
conquistada com muito trabalho em 35 anos de existência.
O
CIEE é uma entidade civil de caráter privado, filantrópica e reconhecida como
de utilidade pública federal, estadual e municipal. Desde a sua fundação, em 28
de abril de 1969 - portanto, ontem, fez exatamente 35 anos - até esta data, o
CIEE já oportunizou estágios para mais de 900 mil estudantes só no Estado do
Rio Grande do Sul. O estágio de estudantes permite não só o desenvolvimento
pessoal e profissional, mas, também, uma efetiva participação dos estudantes no
tão competitivo mercado de trabalho, ampliando a sua formação acadêmica e
minimizando a evasão escolar, uma vez que propicia o contato direto com o mundo
do trabalho, dando sentido de utilidade aos conteúdos teóricos, aliados à
percepção de remuneração que, na maioria das vezes, constitui-se como meio de
sobrevivência e única fonte de renda familiar. Esses dados foram obtidos em
pesquisa realizada pelo CIEE em todo o Brasil e foram amplamente confirmados.
O
estágio, como parte integrante do processo formativo, contribui para a
constituição do futuro cidadão e do futuro profissional, porque permite ao estudante
a aplicação pratica de seus conhecimentos teóricos, motivando seus estudos e
possibilitando maior assimilação das matérias curriculares. Vivenciar
experiências concretas e diversificadas, refletindo a realidade fora da escola,
preparando para uma vida autônoma, permite ainda amenizar o impacto da passagem
da vida estudantil para o mundo do trabalho, proporcionando contato com o
futuro meio profissional. Através do estágio, o estudante adquire uma atitude
de trabalho sistematizado, desenvolvendo a consciência de produtividade, a
observação, a comunicação concisa de idéias e experiências adquiridas,
incentivando e estimulando o senso crítico e a sua criatividade. O estágio, sem
dúvida, ajuda também o estudante a se definir em face de sua futura profissão.
Perceber eventuais deficiências e buscar aprimoramentos permite, além disso,
conviver com situações reais de trabalho que envolvem comportamentos e
habilidades necessárias a sua formação integral, como cidadão e como futuro
profissional.
Pois
bem, minhas senhoras e senhores, nestes 35 anos de atuação no Estado, o CIEE
tornou-se uma instituição respeitada e concretizou a relação entre empresas e
escolas, unindo a formação teórica com a prática profissional. Oferecer a
primeira oportunidade na carreira dos estudantes em sua futura atividade de
trabalho é o objetivo do programa de estágios. Fomos os pioneiros no Rio Grande
do Sul a promover a integração do jovem estudante ao mercado de trabalho.
O
CIEE cresceu. Cresceu muito nessas três décadas e meia. Hoje temos uma sede em
Porto Alegre e, em pouco tempo, uma vez que essa sede está se tornando pequena
e superada, deveremos iniciar a construção de uma nova sede na Rua D. Pedro II.
O projeto está em fase final de aprovação nos órgãos competentes da Prefeitura
de Porto Alegre, e, certamente, ainda no início do segundo semestre, estaremos
iniciando o trabalho de construção.
Além
da sede de Porto Alegre, de onde as atividades são controladas, nós temos 53
unidades operacionais. Esse número é dinâmico. Foram mencionados alguns números
um pouco inferiores, mas esse é o último. Nós temos acrescido o número de
escritórios no Interior de uma forma bastante ágil, nos ajustando às
necessidades do mercado e das diferentes comunidades. Nós temos 125
representantes, 990 instituições de ensino conveniadas e 13.500 instituições
empresariais também conveniadas. Também esse número é um número dinâmico e
felizmente tem crescido. São pessoas e instituições que, assim como nós, todos
esses nossos parceiros em nossa atividade, acreditam na importância de um
programa de estágio.
E
não é só isso. Nossa responsabilidade social vai além do programa de estágios,
pois temos um programa de alfabetização de adultos, temos um programa de
assistência médica gratuita aos estudantes estagiários, um programa de
descontos para os estagiários, um programa antidrogas para a juventude,
palestras motivacionais, informação profissional, Programa Emprego Amanhã, que
auxilia profissionais desempregados na recolocação de mercado, dentre outros.
Eu gostaria de salientar que todas essas atividades são sem ônus nenhum para os
beneficiados.
Assim,
aproveitando esta oportunidade, queremos reafirmar nossa missão frente à
sociedade gaúcha, que é manter o CIEE como líder, com responsabilidade social,
na área de integração do mercado de trabalho, com o compromisso de atender às
necessidades e expectativas de escolas, empresas, estudantes e comunidade,
através do contínuo aprimoramento de seus colaboradores, serviços e rapidez de
atuação. Foi com isso em mente que, já há alguns anos, nos ajustamos às normas
do Programa ISO, e, hoje em dia, estamos seguindo rigidamente todas as
determinações no cumprimento da ISO 9001/2000. O objetivo é qualidade do
atendimento, melhor serviço possível à comunidade.
Queremos também ser percebidos como referência em formação
profissional. Por esse motivo, temos a certeza de que os jovens estudantes que
hoje participam de nosso programa de estágios levarão consigo a lembrança dessa
que foi a sua primeira oportunidade, o início de sua carreira profissional.
Eu
quero, de coração, agradecer todas as palavras aqui proferidas pelos Srs.
Vereadores, das mais diferentes Bancadas, nesta homenagem ao nosso CIEE do Rio
Grande do Sul. E também quero agradecer muito por esta homenagem a todos os
senhores e senhoras. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Neste momento agradeço a presença do Sr.
Otto Beiser, Presidente do CIEE; do Sr. Thômaz Nunnenkamp, representante da
FIERGS, e das demais autoridades empresariais presentes. Agradeço a todos os
senhores e senhoras que prestigiam esta Sessão Ordinária da nossa Câmara
Municipal.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h46min.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes -
15h49min): Estão
reabertos os trabalhos.
O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Grande Expediente. (Pausa.) Ausente. A Verª Helena Bonumá está com a palavra em Grande Expediente.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nesta
Sessão, eu gostaria hoje, neste período de Grande Expediente, comentar dois
temas.
O
primeiro deles é que nós, no dia 25 de abril último, comemoramos os 30 anos da
revolução portuguesa, conhecida como Revolução dos Cravos. Eu sou de uma
geração que viveu de uma forma consciente o processo da ditadura militar aqui
no Brasil. Nós, no ano de 1974, aqui no Brasil, militávamos pela reorganização
das entidades estudantis e dos movimentos sociais que haviam passado por um
longo processo de ditadura, de censura, de repressão, de perseguição política,
e nós tivemos, na Revolução dos Cravos, de 25 de abril de 1974, um grande
estímulo e uma renovação da nossa esperança, porque Portugal também era um país
que estava já com 40 anos de uma ditadura, com Salazar à frente, onde a elite
dominante foi totalmente incapaz de tirar o país do subdesenvolvimento, da
miséria. Portugal ainda era um país praticamente feudal, tal o atraso em que
vivia, e enfrentava, naquele momento, se a gente for lembrar, as guerras de
libertação nacional das antigas colônias portuguesas na África. Portanto, era
um momento de revoluções, era um momento em que o exemplo português veio para o
Brasil como uma grande esperança.
Hoje
nós comemoramos 30 anos da Revolução dos Cravos, que, sem sombra de dúvida,
mudou a cara, a história de Portugal. Eu tive a oportunidade de viajar, de
conhecer a região de onde saiu a revolução portuguesa, que é o Além-Tejo, a
região ao sul de Portugal, particularmente a Cidade de Grândula, que foi o
símbolo da Revolução, e lá o povo mantém um espírito extremamente
transformador, lutando por seus direitos, construindo cidadania e tem
referência na experiência que desenvolvemos aqui em Porto Alegre de democracia
participativa.
O
segundo tema é que hoje nós recebemos, aqui nesta Casa, na Tribuna Popular, o
Movimento dos Diretos dos Moradores de Rua, que, em nossa Cidade, participam de
conselhos, como, por exemplo, a Rede de Assistência Social, participam do Orçamento
Participativo, têm um debate com o Poder Público sobre as políticas voltadas a
esse segmento, e o Poder Público tem políticas, tanto na área da reinserção
dessas pessoas, por intermédio do RAP, que é o Programa de Reinserção à
Atividade Produtiva, como políticas na área da Assistência Social e mesmo da
Habitação. Portanto, existe, de uma forma permanente, uma relação desse
segmento com a Prefeitura de Porto Alegre e um monitoramento da parte da
Prefeitura em ações intersecretarias, das situações de concentração desses
moradores de rua.
Bom,
o que eles trouxeram aqui foi uma denúncia de uma situação sofrida por eles,
nas nossas ruas, quando o Governo do Estado, por meio da Secretaria de
Segurança Pública, resolveu recolher os moradores de rua como se fossem pessoas
criminosas e levá-los para a Delegacia de Polícia, a fim de cadastrá-los,
criando assim uma série de transtornos para essas pessoas, num flagrante
desrespeito a sua condição de vulnerabilidade social. Isso não é uma prática
estranha, não é uma prática nova. Do ano passado para cá, isso já tem
acontecido com as prostitutas e com os travestis em nossa Cidade, demonstrando
que a política que se desenvolve, com base na Secretaria de Segurança Pública,
tem sido uma política conservadora e tem sido uma política que, na medida em
que desconsidera os direitos do cidadão, viola direitos. Já foi o tempo em que,
nesta Cidade, se convivia com a ditadura militar, com as batidas policiais
indiscriminadas, sem motivos concretos, em que as populações mais marginalizadas
eram recolhidas para prestar contas em delegacia e para preencher cadastro em
delegacia.
Hoje
em dia não podemos mais tolerar isso; a idéia que nós temos de Segurança
Pública tem de ser compatível com a cidadania, com a construção de direitos, com
a afirmação de direitos. O processo que nós temos desenvolvido na nossa Cidade
é um processo que inclui o cidadão na discussão das políticas públicas de
segurança, que nós queremos que sejam tratadas como políticas públicas, com
prestação de contas, com transparência, com discussão sobre o tema do abuso de
autoridade, que é um tema muito recorrente, com a discussão sobre a formação
dos nossos policiais, a qualificação técnica dos nossos policiais para as
abordagens, para as operações, com a qualificação dos policiais na área dos
direitos humanos, direitos do cidadão. Na condição de agente público, a
primeira ação que um policial tem de fazer é saber cumprir a lei, portanto ele
tem de conhecer a lei, tem de conhecer a Constituição, tem de conhecer os direitos
do cidadão e tem de saber que aqui, em Porto Alegre, nós temos um processo de
construção de direitos de cidadania da nossa população, onde não aceitamos
violações desse tipo.
Então,
nós nos solidarizamos com o Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua, que
veio à tribuna desta Casa trazer a sua denúncia em relação à política de
Segurança Pública do Governo do Estado, porque nós entendemos que temos, sim,
de ter Segurança Pública. Nós temos de nos preocupar com o crescimento do crime
organizado. E o crime organizado, o tráfico de drogas, o roubo, o roubo de
carga, o tráfico de armas, que sustenta o tráfico de drogas, que cresce na
nossa Cidade, ele é, sim, um problema de Polícia; para ele já existe lei, para
ele já existem competências legais. Queremos a Polícia bem aparelhada, bem
treinada e atuando com competência e, inclusive, tratando das questões de abuso
de autoridade e também as questões da corrupção policial, que nós sabemos que
existe.
A
denúncia que os moradores de rua trouxeram a esta Casa é importante como
elemento de reflexão para nós. Nós passamos por um processo recente de greve na
Polícia Civil, greve na Brigada Militar, greve por falta de condições de
trabalho. Esses segmentos se dirigiram à população gaúcha, denunciando as suas
condições de trabalho e denunciando o salário. Nós passamos por um processo,
por um Governo anterior, que reconstituiu condições de trabalho e qualificou a
intervenção das Polícias, colocando-as sob controle social, criando um Conselho
Estadual de Segurança Pública, criando Ouvidoria de Segurança Pública,
instrumentos que foram despotencializados nesta gestão.
Portanto,
a nossa solidariedade ao Movimento dos Direitos dos Moradores de Rua pela
denúncia que trazem a esta Casa, nós estaremos atentos em relação às políticas
de Segurança Pública e queremos o trabalho do Conselho Municipal, Ver. Pedro
Américo Leal, de Segurança Urbana, que é novo na nossa Cidade, no qual estamos
investindo como um espaço permanente de discussão dessas políticas.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra em Grande Expediente.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, eu posso ser acusado de ter muitos defeitos, mas nunca poderei ser
acusado de não ter isenção. Eu seria capaz, se é que eu tivesse inimigo e ele
tivesse interesse em um determinado problema que dependesse da minha decisão,
se ele tivesse razão, lhe daria, não haveria nenhum problema... Sou
absolutamente isento. Tão isento que, no dia 30 de janeiro de 2003, quando
Presidente desta Casa, convoquei extraordinariamente a Câmara para dar posse
aos novos Vereadores e para nos despedirmos daqueles que nos deixavam, honrando
esta Casa, assumindo a Vice-Governança do Estado e três cargos de Deputados
Estaduais.
Eu
fui surpreendido, naquele dia, quando disse que o Procurador-Geral do
Município, Rogério Favreto, estava representando o Sr. Prefeito e estava
respondendo, também, pelo expediente da Prefeitura. O Ver. Juarez Pinheiro,
gentilmente, até me chamou a atenção, sem que o Plenário notasse, mas junto a
mim, dizendo que eu estava equivocado, que ele era o Prefeito em exercício. Eu
me surpreendi, pedi desculpas também, sem maiores alardes, ao Procurador-Geral
do Município, mas lhe disse, na mesma hora, que eu não entendia. Se foi uma
alteração da Lei Orgânica, foi absolutamente inconstitucional.
E
aí vem a isenção do Presidente da Casa. Eu pedi à Procuradoria da Casa que se
manifestasse, eu não pedi um Parecer dizendo que era inconstitucional, coisa
que eu sabia, tanto que disse na mesma hora. A Procuradoria manifestou-se do
jeito que entendeu que era. Eu era o Presidente, recebi o Parecer e silenciei,
não concordei, mas eu também tinha muito mais atividade na Casa e não podia
estar tratando disso.
Mas,
no início deste ano, na Comissão Representativa, presidida pelo Ver. Elói
Guimarães, eu fiz uma Questão de Ordem dizendo da minha inconformidade com a
alteração da Lei Orgânica na forma como foi feita. A minha Bancada toda
acompanhou e assinou junto comigo o Requerimento à Srª Presidenta, para que se
manifestasse ouvindo a Mesa e também a própria Procuradoria da Casa.
Eu
acho que fui desconsiderado pela Procuradoria da Casa, porque não perguntava se
foi correto ou não, eu alegava razões para dizer que foi incorreta a
substituição que aconteceu. Mas recebi um simples despacho. (Lê.): “Com o
Parecer da Procuradoria para conhecimento de V. Exª, submeto a apreciação
quanto à comunicação à Mesa Diretora.” A Diretoria-Geral mandou incluir na próxima
reunião da Mesa, e a Direção Legislativa (Lê.): “Para conhecimento de que em 14
de abril de 2004 a Mesa Diretora acolheu o Parecer da Procuradoria.” Mas a
Procuradoria repetiu o mesmo Parecer do dia 17 de março do ano passado. Só que
eu havia agora juntado, havia documentado, diria assim, Constituição, Lei
Orgânica e os absurdos que aconteceram de substituir um verbo que não existia.
A Procuradoria da Casa não considerou, acho-me eu desconsiderado. Então, disse
aqui que, inicialmente, se referia a um Processo de 1999, tratava de Emenda à
Lei Orgânica, o Projeto era de autoria do Ver. Elói Guimarães, que dizia que,
em caso de impedimento do Presidente da Câmara, assumirá o Procurador-Geral do
Município. Esta foi a Emenda que a Comissão de Justiça aprovou. Mas eu
documentei para que a Procuradoria também analisasse e a Mesa também. A
Comissão que examinou o Projeto de Lei de alteração da Lei Orgânica, do Ver.
Elói Guimarães, concluiu que, se o cargo fosse ocupado pelo Procurador-Geral do
Município, este responderia tão-somente pelo expediente.
E
agora, hoje, viaja o Prefeito, e o Dr. Rogério Favreto, que nunca teve um voto,
será o Prefeito. Se fosse no tempo da revolução, eles diriam que era o “Senador
biônico”, agora é o “Prefeito biônico”. Agora não temos mais revolução, não dá
para reclamar! Agora há Lei Orgânica clara, precisa e concisa, agora há
Constituição Federal. Mas o que a Procuradoria fez? Analisou o que foi a ela
proposto? Não. Repetiu o que tinha feito no ano passado, e isso eu não aceito.
Eu não mereço isso. A minha Bancada não merece isso! Como eu disse, eu não
inventei.
A
proposta original do Ver. Elói Guimarães era para que respondesse pelo
expediente da Prefeitura Municipal. O Ver. Juarez Pinheiro foi o único que
votou contra o Parecer da Comissão, que dizia que estava certo responder
tão-somente pelo expediente da Prefeitura, coisa que eu, Secretário do Governo
Villela, fiquei 20 dias respondendo pelo expediente da Prefeitura e não me
tornei inelegível, porque fui candidato a Vereador naquele ano. Eu respondia
pelo expediente, eu não era Prefeito.
E
o Ver. Juarez Pinheiro presidiu a Sessão em que foi votada essa matéria; o
Destaque foi rejeitado. Então: “Assim, o Ver. Juarez Pinheiro” - está
sublinhado pela Procuradoria - “não poderia requerer emenda de redação sobre a
disposição que não mais constava da norma, já que o destaque havia sido
rejeitado. Não se pode admitir emenda de redação alterando expressões que não
constam mais do Projeto.” O Ver. Juarez Pinheiro botou em destaque e votou “responderá
pelo expediente”. A matéria foi retirada, não existia mais. Como é que ele ia
substituir o verbo responder, que não estava mais, pelo verbo assumir?
Por
outro lado, o art. 29 da Constituição Federal, eu dizia aqui para os senhores
Procuradores, prevê que a Lei Orgânica será votada em dois turnos e com
espaçamento de dez dias. O espaçamento foi de sete dias, já é o suficiente para
tornar tudo inválido!
E,
assim, eu teria mais coisas, Srª Presidenta, mas o tempo se aproxima para o
encerramento. Registrando a mágoa profunda que tenho com a Procuradoria da Casa
do povo de Porto Alegre, que não considerou o trabalho de um Vereador mais
antigo da Casa, eu devo dizer a V. Exª que, da forma do art. 99 do Regimento
Interno, eu farei recurso à Comissão de Justiça, até porque a Mesa, também, não
considerou o posicionamento e não considerou as colocações feitas por este
Vereador, que tinha experiência bastante para dizer o que dizia. E informo que
procurarei o meu Partido para ingressar na Justiça se o Procurador-Geral do
Município, demissível ad nutum, assinar algum documento como Prefeito
em exercício. Saúde e PAZ!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. João Antonio Dib, o senhor tem todo
o direito de entrar com recurso na Comissão de Constituição e Justiça e também
na Justiça.
O
Ver. Ervino Besson está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de
tempo do Ver. João Bosco Vaz.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Verª Presidenta, com todo o respeito e
carinho que tenho por V. Exª, eu gostaria de dizer que conheço os meus direitos
e exercerei todo o meu esforço no respeito a eles.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu tenho toda a certeza de que o senhor
conhece muito bem os seus direitos, mas é obrigação da Mesa encaminhar os Requerimentos
e as idéias que são colocadas nesta Casa.
O SR. ERVINO BESSON: Minha cara Presidenta, Verª Margarete
Moraes; Vice-Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e também pela
TVCâmara, eu queria saudar a todos.
Na
revisão do Plano Diretor, na legislatura passada, eu não era Vereador desta
Casa, mas quando a Casa começou a discutir... Chamo a atenção dos nobres
colegas Vereadores e da imprensa da Casa a respeito da nossa área rural de
Porto Alegre. Naquele momento, eu liguei e falei com o Líder da nossa Bancada,
Ver. Nereu D’Avila, chamando a atenção do Vereador para que ele alertasse esta
Casa, na legislatura passada, meu caro Ver. João Bosco Vaz, para a retirada da
área rural em Porto Alegre e sobre o que poderia acontecer no futuro.
Esta
palavrinha aqui, Ver. João Dib e meu amigo que opera a TVCâmara - para que as
pessoas que nos assistem tenham a oportunidade de ver o que aconteceu na Cidade
de Porto Alegre -, esta palavrinha tão curta “rural”... Nunca deveria esta Casa
retirar esta palavra “rural” em Porto Alegre.
(Mostra
uma tabuleta onde está escrita a palavra “rural”.)
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Ervino Besson, surpreendentemente a Câmara aprovou por
17 votos contra 16 a extinção da Zona Rural; surpreendentemente, eu reafirmo.
Mas, de qualquer forma, no momento em que foi retirada a Zona Rural, este
Vereador apresentou um Projeto de alteração do Plano Diretor restabelecendo a
Zona Rural, e sei que tenho o apoio de V. Exª, e nós não conseguimos até hoje
votar.
O SR. ERVINO BESSON: Obrigado, Ver. João Antonio Dib. E o que
está acontecendo na nossa Cidade de Porto Alegre? A única Capital deste País
onde ainda existe um cinturão verde e uma área produtiva chama-se “nossa
querida Porto Alegre”, a nossa Capital do Estado do Rio Grande do Sul. O que é
que está acontecendo?
Nós
temos aqui essas duas queridas criaturas que são o Sr. Flávio Rodrigues Barbosa
e a Dona Vera Maria Godoy Barbosa. Eles são de uma das famílias que há 40 anos
sobrevivem da criação de suínos. Quarenta anos. E, na sexta-feira passada, a
nossa Comissão de Defesa do Consumidor fez uma reunião aqui nesta Casa com a
presença desse casal querido que eu citei há pouco e com a presença de um
produtor, o Sr. Godoy, que é da Estrada Ponta Grossa, e também havia um outro
produtor que é o Sr. Clébio Bertaco.
Ver.
Elói Guimarães, que preside a Sessão neste momento, o Sr. Clébio Bertaco... No
ano retrasado, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre usou as estruturas... Ele
abriu as porteiras da sua chácara para que lá fosse feito o início da colheita
da Festa do Pêssego, com a presença do Prefeito, dos Secretários, este Vereador
esteve lá presente e outros Vereadores. Colocou a estrutura para a Prefeitura e
para as pessoas que lá se fizeram presentes, para que o Estado, e não só o
Estado, mas outros países também vissem o que anda acontecendo na Cidade de
Porto Alegre.
O
que anda acontecendo? Uma área produtiva que ainda existe na Capital do Estado
do Rio Grande do Sul. Pasmem, senhores; pasmem, Srs. Vereadores, parece que aí
também foi o azar dele. Ele também cria suínos há mais de 40 anos. Começou,
então, a perseguição, de pessoas, de fiscais, burocratas, que têm de ter
conhecimento quando vão fiscalizar essas propriedades, dessas áreas produtivas.
O que está acontecendo? Essas pessoas não têm mais paz para trabalhar e para
exercer as suas funções de sobrevivência, que é a suinocultura, que são os
produtos hortifrutigranjeiros, como é o caso deste casal que está aqui nas
galerias, pessoas que trabalham há 40 anos, sobrevivem disso, até com problemas
de saúde. E a Prefeitura - estou vendo aqui as notificações - esteve lá no dia
de hoje dando um prazo até o dia 30 para se adequarem ao sistema, senão eles
vão ter de acabar com o seu trabalho, enfim... Eu não sei qual a intenção da
Prefeitura, porque eles são criadores, têm várias cabeças de suínos... Como, de
uma hora para outra, essas pessoas vão resolver o problema? Esta Casa é
co-responsável.
O
que eu peço, agora, meu caro Presidente, Ver. Elói Guimarães? Com a
responsabilidade que nós temos com esta Cidade, todos os Vereadores e
Vereadoras - por isso fomos eleitos - têm de trazer aqui nesta Casa, sim, a
SMAM, o Ministério Público, a Zoonoses, o DMLU, que participem junto, para que
possamos, sim, fazer uma ampla discussão. E a Prefeitura Municipal tem de estar
aqui presente para que possamos encaminhar e resolver o problema desses
produtores! No ano retrasado, quando nós fizemos, aqui, a discussão do Plano
Diretor, por várias vezes, nesta tribuna, meu caro Presidente, solicitei que
retomássemos esta discussão para incluir no Plano Diretor esta palavrinha tão
curtinha “rural”, porque nós enfrentaríamos problemas no futuro! E está aqui o
problema em nossas mãos, está aqui esta palavrinha “rural”. (Mostra a tabuleta
onde está escrita a palavra “rural”.) Então, nós temos a nossa
responsabilidade, sim, Ver. Dr. Goulart, e nós temos de resolver os problemas
dessa gente, desses produtores, do homem do campo.
Hoje
usou o espaço da Tribuna Popular o representante dos moradores de rua. Nós
queremos mais moradores de rua? Nós temos de dar condições para as pessoas que
produzem e não estar criando uma guerra em cima dessa gente. Portanto,
Vereador-Presidente, nós temos, sim, esse problema para resolver, e a Câmara é
co-responsável pelo que está acontecendo nesta Cidade. Então, temos, sim, de
trazer aqui inclusive o DMLU, ele tem de participar, porque essas pessoas, meu
caro Ver. Pedro Américo Leal, têm uma associação junto com o DMLU. Eles são
criadores, o DMLU está junto nessa situação, eles vão ter de vir aqui explicar
o que anda acontecendo, e não esses burocratas - digo pela segunda vez - que
visitam essas propriedades e talvez nem tenham conhecimento de quando se planta
um pé de alface, um pé de repolho, um pé de couve, como é que se cria um suíno,
como é que se cria uma galinha. As pessoas têm de ter conhecimento, nós temos
de ajudar essa gente e não criar esse terrorismo que está acontecendo hoje na
Cidade de Porto Alegre em cima dos nossos produtores, um verdadeiro terrorismo;
nós temos, sim, de estar junto e resolver esses problemas.
Meu
caro Presidente, Ver. Elói Guimarães, peço cinco minutos do tempo de Liderança
do meu Partido, o Partido Democrático Trabalhista.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino Besson está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Este é o início de uma briga, meus caros
Vereadores.
Outro
problema que está acontecendo em nossa Cidade: a luz. Os produtores, quando
havia área rural, tinham incentivo de 50% da CEEE - porque havia classe rural,
então esse incentivo -, e, como hoje não há mais área rural em Porto Alegre,
por uma medida provisória da Aneel, os produtores não têm mais direito, Ver.
Reginaldo Pujol, a esse incentivo. Nós, aqui, lutamos, trabalhamos, demos um
incentivo para os produtores para que não pagassem IPTU, e agora? Esse
incentivo para essa área rural, que foi retirada... Não existe mais área rural
em Porto Alegre, e a CEEE aumentou 50% para esses produtores. Logo que
receberam a comunicação, este Vereador marcou uma audiência com a chefe da
Seção de Apoio Comercial, Dona Eunice Patines, que também tem de vir aqui
explicar para esta Casa, porque ela prometeu que, na conta que seria rodada
neste mês de abril, não seria aumentada a luz. Só que nada disso foi feito. As
pessoas receberam a conta do mês de abril - está aqui -, e já foi retirada a
taxa de luz da classe rural para a classe comercial. O que adiantou darmos
incentivo para essa gente? Não foi armada uma arapuca para essa gente? Lamento
profundamente dizer, mas acho que foi armado um trampolim para os nossos
produtores. Alguém sabia desta Medida Provisória da Aneel. Eu não sabia!
Nós
fizemos a nossa parte. Eu fiz a minha parte, fui à CEEE, tive uma audiência com
o Setor de Apoio Comercial da CEEE, entregamos um documento. Naquela reunião,
fez-se presente o Sr. Paulo Bettio, Presidente do Sindicato; o Sr. Erci Moser,
pecuarista da Zona Sul; o Sr. Antonio
Bertaco, representando os produtores rurais, e a Srª Norma Brognoli, que
trabalha nessa área juntamente com os produtores. E, de pronto, depois de a
gente fazer o encaminhamento, combinamos que nós faríamos uma reunião na
Agergs. Lá estivemos, entregamos o documento para a Agergs, com a assinatura de
quase todos os Vereadores e Vereadoras, esse mesmo documento foi entregue para
Aneel para que pudéssemos reverter esse quadro a respeito da cobrança de
energia elétrica dos produtores de Porto Alegre. Só que a Prefeitura Municipal
ficou de mandar, juntamente com a Agergs, para a Aneel, um documento relatando
que não existe mais área rural em Porto Alegre, existe área rururbana, que área
produtiva continua, só que, até agora, acho que nada foi feito, a prova está
que a CEEE já mandou as novas contas de luz com aumento de 50%. Isso é
incentivar produtores? Isso é incentivar a nossa produção primária que já está
um caos neste País? Isso é incentivar os nossos produtores, Vereadores? Nós
estamos liquidando com essa categoria que ainda temos em Porto Alegre. É um
absurdo o que está acontecendo!
Portanto,
meu caro Presidente, Ver. Elói Guimarães, nós temos de trazer urgentemente,
aqui, essas entidades, esses fiscais que vão lá na casa, por exemplo, do Sr. Flávio,
da Dona Vera e dos demais produtores - eu tenho conhecimento da luta dessa
gente -, que venham, nesta Casa, explicar. Vamos trazer, aqui, o Ministério
Público, a Prefeitura, o DMLU, o Centro de Zoonoses para que possamos amenizar
o problema desses produtores, ou querem que essa gente acampe nas ruas? Qual é
a sobrevivência que vai ter essa gente? Essa gente sobrevive disso há 30 anos,
40 anos, gente, inclusive, com problema de saúde. Por favor! Lamento,
profundamente, meu caro Ver. João Antonio Dib, o que está acontecendo, hoje, em
nossa área produtiva da Cidade de Porto Alegre.
Minha
cara Presidenta, Verª Margarete Moraes, fica aqui o apelo, e espero que nós
todos, Vereadores e Vereadoras, juntemos as nossas forças para que possamos,
sim, de uma forma ou de outra, solucionar, amenizar o problema dos nossos
produtores da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado, Srª Presidenta.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Queremos anunciar e parabenizar o Ver.
Dr. Goulart pelo seu aniversário no dia de hoje. Parabéns! (Palmas.)
Passamos
às
A
Verª Maristela Maffei está com a palavra em Comunicações.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, neste período de Comunicações,
eu gostaria de falar um pouco sobre a questão do dia 1º de Maio, que vai ser o
dia da trabalhadora e do trabalhador.
Mas,
antes, gostaria de tecer um comentário. Com todo o carinho e respeito que tenho
pelo Ver. João Antonio Dib... Eu tenho certeza absoluta de que V. Exª é uma
pessoa muito centrada, muito inteligente e estudiosa, todos nós sabemos disso,
e que, dentro da sua sabedoria, tem coisas muito importantes para nos dizer e
nos ajudar aqui. Mas eu também tenho certeza de que V. Exª, se fosse candidato
a Prefeito na sua época com eleições diretas, com certeza, seria eleito. O
Prefeito Verle foi eleito por uma proposta partidária, ideológica formatada.
Então, ele foi eleito, sim; acima dos homens está a elaboração, a legitimidade
de um Partido. E V. Exª não teve, também, nenhum voto, Ver. João Antonio Dib,
mas o Prefeito João Verle foi eleito no período democrático, e eu tenho certeza
de que V. Exª também seria eleito, se fosse candidato, por ser uma pessoa
carismática e competente. Portanto, acho que V. Exª consegue, sem entrar no
mérito jurídico, que não é disso que eu estou falando, mas exatamente no que
tange à questão de V. Exª ter votos ou não. Então, é uma questão de respeito
com V. Exª e com o Prefeito Verle, que é um grande homem, um grande Prefeito,
assim como V. Exª também o é.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Verª Maristela Maffei, obrigado pelo carinho, mas quero
dizer a V. Exª que eu, em momento nenhum, falei mal da posição do Prefeito João
Verle, pois, no momento em que ele assumiu, eu fui a esta tribuna - eu era o
Líder da Bancada - e o saudei, e ele é o Prefeito dos porto-alegrenses e meu,
conseqüentemente. Mas, agora, o Dr. Rogério Favreto, meu amigo, pessoa
competente como Procurador-Geral, não pode ser o Prefeito desta Cidade, por um
erro da Câmara Municipal.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Obrigada, Ver. João Antonio Dib.
Então,
voltando à questão específica do que eu ia falar em relação à questão do Dia do
Trabalho, queria falar de um público para o qual a igualdade neste dia é um
assunto incômodo. Busquei num texto e grifei algumas considerações para que,
com certeza, todos nós possamos refletir.
É verdade, oxalá, que nós tenhamos opiniões divergentes que
nos levem a manter um espaço como este, vivo e igualitário, mas sabemos que, em
relação à questão da mulher, ela tem sido vítima de estigmas e padrões
definidos, principalmente pelo seu órgão sexual e pelo contexto machista em que
foram criadas e submetidas a padrões de conduta e comportamento.
Baseado neste texto e em mais algumas reflexões que farei,
os homens são educados para disputar tudo na vida e tomar decisões, a mulher
não foi educada para entrar nas competições, pleitear cargos, estar no poder e
nem ser agressiva. Isso é um fato que só está sendo modificado pela atuação das
próprias mulheres, que entenderam - só aqui temos várias mulheres e a nossa
primeira Presidenta - que a maternidade e o trabalho no lar não são soluções
para a questão feminina. Além disso, o que eu tenho observado e escutado é o
surgimento de um movimento, pelo qual os homens vêm reclamando de seus direitos
à não-generalização da insensibilidade e da agressividade constantemente
atribuídas a eles, de abrir mão do poder, participar ativamente da vida doméstica
e se firmar como ser humano que vê e se preocupa com o seu semelhante. Isso,
realmente, é um fato impressionante. Eu creio que não seria o caminho certo a
trilhar na busca da igualdade. Todo o radicalismo é burro! Não tenho dados ou
fontes, aqui, deste movimento, mas tenho escutado bastantes burburinhos sobre
isso.
Diante
dessas observações, posso concluir que, num momento em que a mulher se
preocupa, na qualidade de ser humano, com a promoção da sociedade, ou seja, em
levar consigo adiante toda a estrutura social para uma evolução conjunta em
termos de valores...
O
momento histórico exige uma mulher participativa, inserta nas instituições,
politizada, mas, ao mesmo tempo, mais atuante, ousada, chefe, Prefeita e
Presidenta, por exemplo, desta Casa, assim como um dia queremos, também,
almejar estar em outros espaços. A mulher adquiriu direitos especialíssimos,
ditos aqueles que integram sua personalidade resguardada pelos mesmos direitos
e obrigações do que o sexo oposto. Esses direitos já foram constitucionalmente
consagrados em convenções, mas, no século XXI, a mulher ainda deve discutir a
igualdade perante o homem, pois os patamares da desigualdade estão fortemente
alicerçados.
E
digo isso, Srª Presidenta, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, colocando que,
muito mais do que essas mulheres que conquistaram esse direito, nós estamos
aqui, também, incluindo a luta na conquista da aposentadoria das donas-de-casa,
que, na sua invisibilidade, direita e indiretamente, serviram e ajudaram tanto
a construir este País, tanto na questão das instituições quanto na iniciativa
privada, e que, ainda, é relegado a ela apenas o título de rainha do lar ou
dona-de-casa. Nós queremos isso para já. Estamos dizendo isso ao Presidente
Lula, ao Congresso Nacional, a toda a sociedade, e a esta Casa também. Queremos
e continuaremos lutando pela aposentadoria da dona-de-casa, porque o dia 1º de
maio não é apenas o Dia do Trabalhador, mas da trabalhadora e, em especial, da
dona-de-casa. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Nereu D’Avila.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. João Antonio Dib e eu temos um debate: ele
sustenta uma tese, e eu sustento tese diferente. A minha tese já tem o abrigo
da Procuradoria da Casa.
A questão se coloca antes da alteração da Lei Orgânica a que
procedemos através de Emenda. Ausente o Prefeito Municipal, ausente o
Vice-Prefeito, ausente o Presidente da Câmara, como procedia o Prefeito
Municipal? Chamava a assumir - não a substituir, a assumir - ora o Secretário
de Governo - o Ver. João Dib em diversas oportunidades assumiu -, ora o
Secretário da SMOV, ora o Secretário da Administração. O que é que fizemos? Nós
estabelecemos - preenchendo uma lacuna que reclama o Direito Administrativo,
porque os atos jurídico-administrativos devem ser regrados, e assim procedemos
- que, quando ausentes, na ordem sucessória, o Vice-Prefeito e o Presidente da
Câmara, o Prefeito é obrigado a chamar o Procurador-Geral do Município. Isso é
o que se deve estar dando agora, neste momento, ou daqui a um pouco: o
Procurador-Geral do Município, na ausência do Prefeito, assumirá a Prefeitura
de Porto Alegre.
Assumirá, vejam bem; não substituirá. Por que é que eu digo
isso? Eu digo isso pelo seguinte: o fundamento é a própria Lei Orgânica do
Município que diz, claramente, em seu art. 91 (Lê.): “Substituirá o Prefeito,
no caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no caso de vaga, o Vice-Prefeito.
Parágrafo 1º - No caso de impedimento conjunto do Prefeito e do Vice-Prefeito,
assumirá o cargo o Presidente da Câmara Municipal.” Só que o Presidente da
Câmara, no melhor entendimento, não substitui, ele é pro tempore, porque, ausentes o Prefeito e o Vice-Prefeito,
necessária se fará a eleição - nós temos de ir para o Código Eleitoral, será
chamada eleição.
Então, a função do Procurador-Geral é esta que o Ver. João
Dib quer que seja: ele responde pelos atos da Administração. Enquanto ausente o
Prefeito, ele administra a Prefeitura, ele é o Chefe do Executivo, mas não se
investe da vitaliciedade eleitoral, absolutamente, não. Parece-me que estamos
diante da semântica, Ver. João Dib, V. Exª entendendo que ele substitui e eu
dizendo que não substitui. Agora, ele tem de tomar posse. Não há forma de
alguém - ausentes essas autoridades - não tomar posse! É preciso que ele
ingresse, chegue na Prefeitura, assuma a Prefeitura nos limites que a própria
Lei lhe impõe.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, o Projeto de V. Exª está absolutamente
correto, tanto que a Comissão que o examinou, com exceção do voto do Ver.
Juarez Pinheiro, aprovou-o, mas, na hora da formulação da Redação Final, é que
substituíram um verbo que não existia. Substituíram um verbo que não existia.
Aí, fica difícil entender. O que V. Exª queria é que o Procurador-Geral
respondesse tão-somente pelo expediente da Prefeitura. Isso poderia ser feito. Apenas
V. Exª colocou no lugar certo.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Esse é o conteúdo. Como o texto foi
destacado, ficou sem sentido o Projeto. Ficaria assim: “No caso de impedimento
deste último, o Procurador-Geral do Município...”. Então, fazia-se
imprescindível estabelecer “assumirá”.
Agora,
eu continuo sustentando a tese - está aí uma discussão jurídica, política, Ver.
João Dib; eu respeito V. Exª, como sabe - de que “assumirá” não é sinônimo de
“substituirá”; são semânticas diferentes e têm resultados diferentes.
Por
isso, entendo que será legal, legítimo e, como diz V. Exª, legal e regimental a
assunção do Procurador-Geral do Município à Prefeitura de Porto Alegre, para
responder, Ver. João Antonio Dib, pela Administração da Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra em Comunicações.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exma Srª Presidenta, Srs. Vereadores, há algum tempo tenho afirmado,
nos programas que faço em televisão - e não são poucos - que o Exmo
Sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, deveria perceber a
necessidade de incorporar recrutas. E hão de perguntar: por quê? Muito simples.
Se pudermos incorporar 200 mil, 300 mil, 400 mil... Até afirmava que deveríamos
incorporar 500 mil recrutas. A despesa é pouca, o recruta custa 280 reais como
indenização pelos serviços prestados, e nós poderíamos empolgar, envolver a
mocidade que nos está afligindo e preocupando. No Rio de Janeiro e em São
Paulo, estamos às voltas com uma força de trabalho de 1 milhão e 800 mil
jovens. Mulheres e homens, não encontrando emprego, ficam, como se diz, libando
por aí e descambam para a droga e para o crime. É fácil e muito barato
envolvermos nossa mocidade com as coisas e tarefas da caserna. Por que não? E
parece que o Presidente está-se sensibilizando com isso, mas modestamente,
porque prevê incorporar apenas 50 mil a mais. O Brasil não pode incorporar 100
mil soldados no Exército. É reduzido número! Nas Forças Armadas, quando muito,
devemos incorporar 160 a 180 mil. É pouco! O que é que nós vamos fazer com a
mocidade? Mocidade que está descambando para a droga e para o crime? Ficar de
braços cruzados esperando que aconteça o óbvio? Vai acontecer!
O
que tenho dito é porque conheço a caserna, fui criado na caserna, vim de lá.
Ontem mesmo, quinta-feira, estive numa caserna onde almocei com meus colegas e
percebi a preocupação deles com o que acontece no Brasil. Mas o Presidente não
conhece isso. O Ministro Tarso Genro, com quem privei bastante quando Prefeito,
por vários anos, e me dava a oportunidade de sermos amigos, apesar de termos
Partidos diferentes, sabe perfeitamente a importância de nós empolgarmos a
mocidade, pois vamos perder a juventude brasileira. A mocidade vai para o crime
e para a droga. Quem não está vendo isso?
Meus
senhores, chegam, por ano, 1 milhão e 800 mil brasileiros como força de
trabalho! O que quer dizer isso? Todo ano chegam 1 milhão e 800 mil, e há de se
perguntar sobre a afirmação feita por Lula como candidato: prometeu 10 milhões
de empregos. Não pôde dar! Por quê? Porque temos de responder ao superávit
primário fiscal, por demais exigente. Temos de responder a um juro que a todo
momento nos avassala e confunde, todavia não podemos baixar. Estamos diante dos
empresários, que não ousam dar oportunidades, porque, diante dos juros, também
não se atrevem. E como eles não se atrevem, a mocidade não pode ser empregada.
Temos
que resolver essa equação! Esse dilema tem de ser resolvido para o bem do
Brasil. Deixarmos de pagar a dívida? Não podemos. Baixar os juros? Temos de
proceder com grande vagar. Empolgar os empresários que também têm seus recursos
e patrimônios e não querem arriscar? Não podemos. Então, temos que recorrer a
um artifício, de incorporar a juventude às Forças Armadas, urgente!
Bem,
Srª Presidenta, estou lembrando ao Presidente da República porque conheço a
matéria. Estou lembrando a ele - e parece que já se sensibilizou - que é essa a
solução, é esse o caminho! Não podemos hesitar! É o caminho! É barato, cada
recruta vai custar, além da roupa, do uniforme, 280 reais. Coloquemos 200 mil,
300 mil, 400 mil!
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ver. Pedro Américo Leal, a minha função é
fazer cumprir o tempo.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Como o grande pensador Keynes dizia: “Abram buracos no sul e mandem
o povo cobrir de terra os buracos; depois abram buracos no norte e mandem o
povo cobrir de terra os buracos”, mas dêem ocupação para a mocidade, senão nós
a perdemos; e com ela a nação!
(Revisto
pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Pedro Américo Leal.
O
Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.
O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
Presidenta desta Casa; demais Vereadores, Vereadoras, todos os que nos assistem
nesta Casa, em primeiro lugar, eu queria, Ver. Pedro Américo Leal, diante do
seu pronunciamento, fazer referência - creio que a imprensa no dia de hoje ou
de ontem fala sobre isso - à decisão do Presidente Lula de implementar, entre
os recrutas das Forças Armadas, neste ano, um programa para mais de cem mil
jovens deste País, para que, na sua estada nas Forças Armadas, tenham formação
profissional, qualificação, para que, quando saírem, sejam não só cidadãos
preparados para defender a soberania nacional, as nossas fronteiras, ameaçadas
pelo “império do norte”, principalmente a Amazônia, mas também para contribuir
para a sociedade. Eu penso que isso vai no rumo da sua preocupação, e é
realmente um objetivo do nosso Governo Federal.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Tenho dito isso há mais de um ano e conversei com o Ministro Tarso
Genro há bastante tempo sobre essa questão. Parece que estão sendo
sensibilizados agora, estão enxergando.
O SR. RAUL CARRION: Então, veja V. Exª como o novo Governo
vira uma nova página neste Brasil.
Em
segundo lugar, eu queria fazer uma referência ao que, durante a homenagem aqui,
o Ver. Isaac, talvez procurando deslustrar a Bancada do Partido Comunista do
Brasil, disse: que todo jovem, necessariamente, é comunista, mas que, depois,
na sua velhice, quem sabe, deixa de ser, porque perde os ideais. Quero dizer
que talvez tenha fundamento a sua palavra, e, realmente, isso demonstra que o
Ver. Isaac, pelo menos nas suas idéias e nos seus ideais, é um homem
envelhecido, é um homem superado pela história e que hoje renega um passado de
juventude. Quero dizer que continuo jovem nas idéias, jovem na luta, jovem nos
objetivos. E continuo lutando por uma nova sociedade! Não aceito a opressão,
não aceito a dominação do nosso povo, a miséria e mantenho meus ideais. Não
envelheci! Não envelheci como o Ver. Isaac Ainhorn. Sinto-me orgulhoso de
continuar jovem.
E
talvez seja por isso que a juventude deste Brasil tenha no PCdoB a principal força
política, seja na União da Juventude Socialista, seja na União Nacional dos
Estudantes, seja na União Brasileira dos Estudantes Secundários, onde o Partido
Comunista do Brasil, há muitos anos, mantém a hegemonia com uma política
diferente, onde todas forças estão presentes - o PT, o PTB, o PMDB, o próprio
PDT -, mostrando que, realmente, o jovem tem esperança, o jovem tem idealismo,
o jovem quer a transformação. Orgulho-me de continuar a ser jovem e continuar
comunista. Lamento que o Ver. Isaac Ainhorn, talvez fisicamente ainda na idade
madura, já seja hoje um velho na política.
Em
terceiro lugar, eu queria convidar todos para a Sessão Solene de amanhã, às 11
horas, nesta Casa. Certamente o Ver. Haroldo, os Vereadores da Bancada do PT,
do PTB, do PDT aqui estarão para celebrar mais um aniversário que comemora o
massacre dos operários de Chicago, nos Estados Unidos, quando eles, pelo crime,
Ver. Haroldo, de lutarem por uma jornada de oito horas por dia, naquele
capitalismo selvagem - onde o operário trabalhava 12, 14, 18 horas, Ver. Dib -,
os trabalhadores se levantaram e disseram: “É preciso reduzir a jornada de
trabalho”; por isso, Ver. Sebastião Melo, foram considerados criminosos,
condenados à morte e inclusive enforcados.
Então,
eu acredito que amanhã teremos um debate importante, num momento em que se luta
por direitos trabalhistas renovados, em que está em Pauta a discussão de uma
Reforma Trabalhista. Esta Casa homenageia, e com um grande ato - uma Sessão
Solene -, o transcurso dessa data.
Queria
deixar, então, para o meu tempo de Liderança, para encaminhar outro tema que
pensava poder encaminhar nas Comunicações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
em Comunicações.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, os debates que esta Casa tem presenciado nos últimos 15 dias, têm,
justificadamente, retirado da pauta algumas discussões que se impõe serem
retomadas, na medida em que, em que pese a relevância dos assuntos que
assumiram predominantemente os debates aqui na Casa, não apagam uma realidade
da qual se encontra infestado este País, a partir de situações concretas que se
refletem sobremaneira no cotidiano e no cidadão, não do só porto-alegrense, não
só do gaúcho, mas do cidadão brasileiro.
Agora
mesmo, nós havíamos cogitado de participar de um ato que amanhã esta Casa
realiza, ao qual se referiu o Ver. Raul Carrion, isto é, uma manifestação pelo
Dia do Trabalho, que o Vereador giza ser uma manifestação de repúdio aos atos
ocorridos em Chicago, há muitos anos, e que universalmente é consagrado como
Dia do Trabalho. Eu fico a cogitar se com relação a esse fato há alguma coisa a
ser festejada aqui nesta Casa no dia de amanhã. Cogito, Vereador, porque nós,
enquanto discutimos aqui sobre a Previdência e assuntos que são da nossa
responsabilidade, estamos vendo “passar em brancas nuvens” alguns
acontecimentos neste País que são realmente deploráveis.
Nós
sabemos, por exemplo, Vereador, que o minguado salário mínimo, desde o Governo
de Fernando Henrique Cardoso, havia sido antecipado para o mês de abril e, com
isso, era fixado e vigorava já durante o mês de abril, com reflexos imediatos
na bolsa combalida do nosso trabalhador. Escamoteadamente e despercebidamente,
apenas por atos administrativos, ao arrepio até mesmo das disposições legais,
essa alteração da data da vigência do novo salário mínimo, postergando por 30
dias, representa, objetivamente, por menor que seja a alteração nos valores a
serem pagos obrigatoriamente como piso salarial deste País, uma perda para a
massa de trabalhadores brasileiros na ordem de 500 milhões de reais, que, num
simples passe de mágica, Ver. Sebastião Melo, são tomados neste Governo, Ver.
Haroldo de Souza.
E
há um silêncio geral da Nação brasileira sobre esse aspecto. É natural. Alguns
dirão: “Mas o salário mínimo, quando muito, irá subir 30 reais”. Mas com 30
reais, transferidos para milhões de brasileiros que recebem o salário mínimo,
que sejam 20 reais, Vereador, mesmo com esses míseros 20 reais - que, em si,
são um contra-senso para um Governo que se dispunha, nos seus quatro anos de
administração, a duplicar o salário mínimo -, mesmo que sejam esses
modestíssimos 20 reais, diluídos para toda a massa trabalhadora brasileira que
está limitada a esses ganhos, teríamos algo em torno de 500 milhões de reais
que, no mês de abril, teria sido transferido para a bolsa do trabalhador, para
o consumo e para um breve reaquecimento da atividade econômica deste País, que
a cada dia aponta para índices mais negativos.
Então,
por relevantes que sejam os temas que nós temos tratado na Casa, esse não pode
passar despercebido, esse não pode "passar em brancas nuvens", porque
é um fato extremamente lamentável, que depõe contra o Governo do Partido dos
Trabalhadores - um Governo que montou uma grande base política nacional para
fazer as ditas reformas, cujas conseqüências nós estamos sofrendo a todo
momento e a todo instante, que têm polemizado a Nação, intranqüilizado a Nação.
E mais do que isso: faz algumas reformas a seu próprio gosto e sozinho; sem
consultar ninguém, decide: “Olha, não vou dar mais o salário mínimo no mês de
abril, vou passar para o mês de maio e, com isso, retiro a possibilidade de que
milhões de brasileiros tenham esses 20 ou 30 reais a mais”. Ainda que modestos,
esses valores representam alguns quilos de carne, de pão - alimentos que foram
sonegados da mesa do trabalhador -, durante este mês de abril que se esgota e
que será palco, amanhã, do festejo do 1º de Maio, Dia do Trabalhador.
Realmente, nessa data, o trabalhador brasileiro não terá a festejar nada além
do que a comprovação de que foi surrupiado em cerca de 500 milhões de reais,
meio bilhão de reais, por parte do Governo que se elegeu com a idéia e com a
proclamação de que iria modificar o poder aquisitivo da massa assalariada do
País, mas que, na primeira oportunidade que dispõe, faz esse ato extremamente
deplorável, extremamente negativo e que nós estamos a denunciar: foram
surrupiados em 500 milhões de reais, pelo menos, os trabalhadores deste País.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra em Comunicações.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, com todo respeito ao Vereador-colega, que estimo
muito, Ver. Reginaldo Pujol, estou abismado com a preocupação do seu Partido,
PFL, com os trabalhadores deste País. A história política deste País demonstra
como o PFL preocupou-se com os trabalhadores. É só verificarmos as filiações do
PFL e vamos ver quantos trabalhadores, sindicalistas lá estão e como é a luta
em defesa dos trabalhadores nesse Partido - com respeito ao trabalho de V. Exª,
aqui nesta Casa, que nos glorifica.
Também
gostaria de dizer, aqui, que estranho muito a postura do PSDB criticando o
Governo Lula e os projetos que são apresentados. Esquece-se o PSDB de que, ao
governar este País com a ajuda do PFL, por oito anos, deixou o País quase em
estágio de UTI. Então, é interessante a gente analisar o presente sem se
lembrar de que ele é resultado do passado.
Eu
gostaria de poder, novamente, fazer uma cobrança, porque ela se refere à Cidade
de Porto Alegre, Ver. Sebastião Melo, a respeito do plano de investimento do
Governo do Estado. Preocupa-me muito, porque Porto Alegre está sofrendo por
causa da não-aplicação desse plano de investimento. Vou novamente fazer o
registro aqui. Na municipalização da Saúde, dos 108 milhões de reais orçados,
32 milhões de reais foram executados, 30%. Na área do Programa Família Cidadã,
da Assistência Social, dos 30 milhões de reais, 6 milhões foram executados,
21%. No Fundo da Criança e do Adolescente, dos 2 milhões e 600 mil reais, 53
mil reais foram executados, 2%. No transporte escolar, 11 milhões de reais orçados,
2 milhões de reais executados, 22%.
Eu
poderia ir adiante nesta tabela, mas, novamente, venho cobrar: qual é a
resposta que os representantes do Governo Rigotto têm a dar a esta Casa e à
população em relação ao plano de investimento? Porque disse que iria construir
um posto de saúde de quilômetro em quilômetro e não está executando nada de
plano de saúde, portanto é importante cobrar. Em contrapartida está aí o
Fundopem aprovado, dando 2 bilhões de reais de isenção fiscal a meia dúzia de
empresas. É preciso, Ver. Ervino, que os Vereadores que apóiam o Governo
Rigotto subam a esta tribuna e expliquem para a população de Porto Alegre por
que a situação está desta maneira. É falta de dinheiro? Mas, se há falta de
dinheiro, por que essa renúncia fiscal? E por que a isenção fiscal não é para
quem dá trabalho, para quem dá emprego, mas para meia dúzia de empresas do
esquema? Então é importante a Câmara fazer este debate. Renúncia fiscal de um
lado - 2 bilhões de reais de renúncia fiscal -, e, de outro lado, o
não-atendimento à necessidade da população. Está aqui. (Mostra documento.)
É
importante - e o Ver. Melo está perguntando sobre o salário - que o seu Governo
se preocupe com o salário dos servidores e pague direito. E também, na
campanha, o Governo Rigotto fez promessa para os servidores e não está
conseguindo honrar. Para onde está indo o dinheiro? Não está pagando salário de
funcionário, não está fazendo as obras. Onde está botando o dinheiro? Ah! É
para pagar a dívida. Mas essa dívida já está demais; a milonga da dívida já
está muito grande.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte?
O SR. RENATO GUIMARÃES: Lamento, Ver. Ervino, não vou poder ceder
o aparte, porque já estou encerrando.
Eu
gostaria, Ver. João Dib, de entrar no debate da questão da democracia. V. Exª
está cobrando, na relação democrática desta Cidade, como o Procurador pode
representar o papel do Prefeito na sua ausência. Vereador, há um imenso
contraditório nessa sua cobrança. O Ver. João Dib é testemunha, é protagonista
de um período da ditadura onde o próprio Vereador foi Prefeito da Cidade, sem
voto. Não houve ditadura!? Houve ditadura, sim, Ver. Pedro Américo Leal, e o
Ver. João Dib administrou esta Cidade - o Vereador diz, nesta tribuna, que a
administrou bem, mas administrou sem voto. Aquilo era um período, hoje nós
estamos em plena democracia e é cobrado, nesta tribuna, como o Procurador do
Município, na ausência do Prefeito, com funcionamento pleno desta Casa,
responde pelas questões legais do Município? Santa paciência! Muita, mas tem de
ter muita paciência para agüentar essa questão. Vamos ter mais um pouquinho de
consciência em relação à questão da democracia, porque senão a gente acaba
causando um mal tremendo à democracia.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. WILTON ARAÚJO: Srª Presidenta, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, o que traz à tribuna na tarde de hoje a Bancada do Partido Popular
Socialista é uma denúncia, com a qual, certamente, a Cidade, em especial a Zona
Sul da Cidade - e os Vereadores Sebastião Melo e Ervino Besson, que fazem parte
da Comissão de Saúde desta Casa vão ficar estarrecidos, se já não sabem -,
ficará estarrecida, na medida em que nós estamos, há tanto tempo, tentando
elevar, Ver. Dr. Goulart, o nível da prestação de serviço na área da Saúde
nesta Cidade. Esta Casa debruça-se sobre esse assunto quase que diariamente,
querendo auxiliar, querendo vigiar, fiscalizar e elevar o nível da Saúde. Em
muitos locais desta Cidade, nós sabemos que é preciso entrar na fila às 5
horas, às 4 horas da manhã, se não à meia-noite, como foi constatado por esta
Casa, ou comprar o seu lugar na fila.
Pois,
quando um lugar tem bons profissionais, tem um médico que há mais de 15 anos
presta bons serviços, que chega e não sai na hora certa, atende aos apelos, não
pela quantidade e sim pela qualidade, fazendo um bom atendimento, pois quando
isso acontece, quando ele não cede às pressões para que seja mais rápido, menos
eficiente, ele é perseguido, Ver. Sebenelo. Ele é perseguido! E eu estou
falando de um profissional que conheço há muito tempo como um bom profissional.
Estou falando de um Posto de Saúde localizado no Beco do Adelar, estou falando
de um profissional que se chama Francisco Morelli. Eu posso avalizar aqui desta
tribuna e sei, Ver. Dr. Goulart, que esse profissional está sofrendo uma
pressão que, no mínimo, é estranha. Perseguição, não sei se política, não sei
se profissional, mas, com certeza, ele trabalha muito, Ver. Renato.
(Aparte
anti-regimental do Ver. Renato Guimarães.)
O SR. WILTON ARAÚJO: E V. Exª é useiro e vezeiro em dar
apartes anti-regimentais, mas lhe respondo: trabalha muito, e eu sou avalista
da sua conduta profissional, por isso estou aqui. Depois de 15 anos de bons
serviços prestados foi cancelado o seu vínculo com o SUS, por perseguição,
Vereador; por perseguição, Ver. Dr. Goulart. Arranjaram um pretexto - e é, sim,
a Administração dita Popular que cancelou o convênio, Ver. Besson. O Vereador
conhece o Dr. Francisco Morelli, o Ver. Nereu também o conhece, assim como o
Ver. Sebastião Melo.
Eu
queria, neste tempo de Liderança, levantar, nesta Casa, esse problema, que é
não só da Saúde. É de saúde, porque o Beco do Adelar está em pé de guerra,
porque sabe dos trabalhos prestados por aquele médico. Mas, mais do que isso, é
um problema de perseguição profissional, de perseguição política, por isso eu
queria, Ver. Sebastião Melo, que a Comissão de Saúde desta Casa pudesse, com
vagar, mas com presteza também, levantar esses dados todos, receber a
comunidade que está lá se mobilizando, para que esse profissional fique lá no
Beco do Adelar. Amanhã já não terá mais Dr. Morelli! E eu não sei qual será a
reação daquele povo, porque se vocês soubessem a relação que ele tem... Ele é
aquele cara que leva remédio, é o bom médico; se não há remédio, ele leva o
remédio. Ele não tem material para fazer as suas prescrições médicas, mas ele
dá um jeito de fazer! Atende a famílias inteiras! Está sempre à disposição.
Eu
espero que as demais Bancadas nos auxiliem e que a Comissão de Saúde desta Casa
faça o trabalho que deverá levar à recondução desse bom profissional ao lugar
dele, que é no meio da população. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. GUILHERME BARBOSA: Eu queria dizer, em nome da nossa
Bancada, que nós apoiamos que haja, por parte da COSMAM - Comissão de Saúde e
do Meio Ambiente -, o convite à Secretaria para que ela possa vir o mais rápido
possível para que nós ouçamos as razões da Secretaria, se foi uma iniciativa
dela que cancelou este convênio com o citado profissional. Inicialmente, nós
achávamos que seria um profissional concursado da Prefeitura, mas, na verdade,
trata-se de um convênio através do SUS. Então, nós apoiamos que seja convidada
a Secretária ou sua representante para explicar as razões da nossa Secretaria.
Obrigado.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu vou encaminhar este pedido à COSMAM
via Diretoria Legislativa.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Presidenta, prontamente, nós já tínhamos
tomado conhecimento desse fato, inclusive uma liderança do Beco do Adelar, a
Srª Karen, havia ligado para a Comissão, e nós estamos só vendo a agenda para
podermos tratar desse assunto com a comunidade, com o Governo Municipal e com o
profissional conveniado. Então, quero dizer ao Ver. Guilherme Barbosa que nós
estamos providenciando junto com o Ver. Wilton e todos os demais Vereadores,
para tratar dessa matéria.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço ao Ver. Sebastião Melo pelo
trabalho na COSMAM, por já haver agendado essa questão.
O
Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
Presidenta desta Casa; demais Vereadores e Vereadoras, queria, inicialmente, de
forma bem rápida, dar uma opinião sobre a discussão trazida pelo Ver. João Dib,
sobre o fato de o Procurador-Geral do Município assumir na ausência do Prefeito
e do Vice-Prefeito, o que é considerado pelo Ver. Dib como uma questão
ditatorial, de exceção, antidemocrática, porque o Procurador-Geral do Município
não recebeu voto.
Eu
só queria lembrar que a Constituição Federal também estabelece que, caso o
Presidente e o Vice não assumam, neste caso, será chamado para o exercício da
Presidência o Presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Ao
que eu saiba, Ver. Sebastião Melo, o Presidente do Supremo Tribunal Federal não
é eleito, também, por eleições da população. Na Constituição Estadual, na falta
do Governador e do Vice-Governador, serão chamados para exercer o cargo o
Presidente da Assembléia Legislativa e o Presidente do Tribunal de Justiça do
Estado, que também recebeu voto. Evidentemente, se houvesse, aqui no Município,
um Tribunal Municipal de Justiça, seria o natural. Na falta, a Lei Orgânica estabeleceu
que é o Procurador do Município, buscando uma certa analogia, uma certa
similitude.
Então,
não é a questão de ter recebido voto ou não, mas a questão de respeitar a
Constituição, respeitar a Lei Orgânica. E, aí, desculpe-me, Ver. João Antonio Dib,
Ver. Pedro Américo Leal, o golpe militar de 1º de Abril rasgou a Constituição,
desrespeitou a Constituição, cassou mandatos eleitos pelo povo, cassou juízes e
assim por diante, são medidas ditatoriais. Hoje, são outros momentos
históricos, nós estamos em outro momento. Hoje, setores nacionalistas das
Forças Armadas lutam para manter a soberania nacional ameaçada, mas nós não
podemos esquecer os fatos reais. Não se trata de cavoucar problemas passados,
mas a verdade histórica tem que ser mantida para que, de uma vez por todas, as
Forças Armadas assumam a defesa da soberania nacional e da própria democracia.
Isso
posto, eu queria dizer aqui que o PCdoB, consciente de que uma ampla aliança de
forças garantiu a vitória do Governo Lula, que essa ampla aliança política
garante a governabilidade deste País... Nós defendemos que nas eleições de
2004, em Porto Alegre, também se aprenda, Ver. Guilherme Barbosa, com essa
amplitude política, que construamos aqui, também, uma ampla frente política. A
construção dessa ampla frente política para as eleições de Porto Alegre, no
entender do PCdoB, passa, Verª Helena Bonumá, por uma chapa plural.
O
que significa uma chapa plural? Significa que o PT já indicou o candidato a
Prefeito, o Deputado e ex-Prefeito Raul Pont; significa ter uma visão ampla
nessas eleições, ter um outro Partido da frente política que se constitua em
torno da candidatura de Raul Pont e colocar o candidato ou a candidata à
Vice-Prefeitura ou do PCdoB, ou do PCB, ou do PL, ou do PSL, ou do PMN.
O
PCdoB está consciente do seu fortalecimento na Cidade de Porto Alegre, da sua
estreita ligação com os movimentos sociais, do seu crescimento político e do
papel que joga no quadro nacional, o PCdoB se considera em condições de se
apresentar, como já se apresentou para o Partido dos Trabalhadores, e nesta
semana recebeu já o apoio formal e oficial do Partido Comunista Brasileiro. O
PCdoB se considera em condições de pleitear a Vice-Prefeitura. Não condiciona,
Ver. Aldacir Oliboni, a sua participação nessa frente a ter a Vice-Prefeitura,
porque isso não faz parte da sua maneira de proceder politicamente, mas
considera importante e apresenta um nome de grande densidade eleitoral, o nome
da nossa Deputada Estadual Jussara Cony, ex-Vereadora desta Casa, liderança dos
movimentos sociais, com amplo trânsito em todos os Partidos deste Estado, com
capacidade de articular no segundo turno e tendo sido a quarta mais votada
desta Cidade, atrás somente do Deputado Raul Pont - que é candidato a Prefeito
-, do Deputado Vieira da Cunha - que é candidato a Prefeito -, e do Deputado
Flávio Koutzii - que não é candidato. Portanto, um nome de grande
representatividade. Concluo, minha Presidenta, dizendo um nome que tem recebido
apoio das comunidades, apoio das lideranças sociais, apoio das lideranças do
próprio Partido dos Trabalhadores, e, por isso, o PCdoB, sem condicionar, quer
deixar claro, aqui, o seu pleito para essas eleições. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, quando da eleição
de 1996, eu comprei, talvez, mais de uma dezena deste livro aqui, que se chama
“O Poder do Vereador”. E distribuí para alguns dos eleitos em 1996. (Lê.) “Este
livro equivale a um curso de graduação em política. Para que o político seja
eficiente, para estar sempre na linha de frente, em condições de corresponder à
confiança dos eleitores e do povo, ele precisa ter as ferramentas básicas, os
instrumentos certos”. Ele tem, aqui, um capítulo que fala sobre o poder de ter
que fiscalizar.
Bom,
em primeiro lugar, eu quero dizer que falo português, talvez não muito
corretamente, devido às minhas deficiências lingüisticas, mas não falo na
tribuna em árabe, não falo grego e não sou nenhum irresponsável; quer dizer,
vem aqui alguém e lê a Constituição Federal, a Constituição Estadual e a Lei
Orgânica do Município. Quais as diferenças entre o Presidente do Supremo
Tribunal, o Presidente do Tribunal de Justiça e a Lei Orgânica do Município...
São três Poderes na República, três Poderes no Estado e dois no Município.
Então, não tem o que comparar. Ver. Carrion, eu não sou jurista, mas não vou levar
para casa essa comparação dos doutos. Eu não falei nada contra a figura
extraordinária do Procurador-Geral Rogério Favreto. Eu gosto dele, acho ele
competente, sério, responsável. Quando eu telefono, ele me atende. Não são
todos lá que atendem não. Há alguns na Prefeitura que retornam, não é isso,
Ver. Barbosa? Há Secretário no Município que retorna para o Vereador. Não são
todos, V. Exª sabe que não são todos.
Eu
não tenho nada contra o Dr. Favreto. Agora, não dá para comparar o
Procurador-Geral do Município demissível ad
minuto com o Presidente do Tribunal de Justiça ou com o Presidente do
Supremo Tribunal Federal. E ainda mais, está na Constituição que a sucessão se
faz dessa forma. O Deputado Rainiere Mazilli assumiu a Presidência da República
várias vezes, mas houve um momento que não deu, e já foi outro, e mais outro, e
mais outro. Tudo foi resolvido sempre dentro do que estava na Constituição.
Agora querem comparar o meu amigo Rogério Favreto com o Presidente do Tribunal
de Justiça do Estado? Pois, na semana passada, em Canoas, assumiu a Diretora do
Fórum. Deu problema, porque ela não era constitucionalmente a pessoa indicada.
Não estava na Constituição.
Então,
o que eu mostrei aqui é o poder de ver e de fiscalizar, e eu fiscalizo. O que
eu mostrei aqui é que a alteração da Lei Orgânica foi incorreta, até no prazo.
Agora, substituir um verbo que não estava escrito, eu não vi nunca. Agora, se
há incompetência, se não leram direitinho o livro aqui, que ensina até a fazer
requerimento, e eu vou ver se há mais desse livro e vou mandar comprar para dar
de presente. Quero dar de presente, sim! Porque eu não posso vir aqui tentar
dizer que, lá no tempo da ditadura, aquela que respeitava o Legislativo... Nós
temos obras que não aconteceram nesta Cidade, porque não se fazia uma obra se o
contrato não fosse aprovado pelo Legislativo. Não se fazia um loteamento nesta
Cidade se o Projeto não fosse aprovado pelo Legislativo. Hoje o Legislativo nem
sabe algumas coisas esquisitas que acontecem nas licitações da Prefeitura; tem
de entrar na Justiça para impedir coisas esquisitas. Eu nem vou dizer mais do
que isso. Mas, naquele tempo, nessa tal de ditadura, se a Câmara dissesse
“não”, o Executivo não fazia, porque havia respeito, havia autoridade. Hoje há
autoritarismo. Querem-nos impor, esquecendo que há gente que se dedica ao que
faz.
Então,
vem aqui o jovem Renato Guimarães e já fala na ditadura, que eu não fui eleito.
Era assim. Eu fui aprovado na Assembléia, depois da indicação do Governador.
Não foi diferente disso. Em outros Municípios considerados como área de
segurança, o Presidente da República nomeava. Mas era assim que estava sendo
feito, não havia desrespeito. Mas, agora, no Município, há dois Poderes:
Legislativo e Executivo, e é por isso que, de repente, o Legislativo Municipal
de Porto Alegre é desprestigiado porque não toma as suas responsabilidades e
não reage quando é pisoteado pelo Executivo Municipal, que esquece que existe
Lei Orgânica, que esquece que existe lei e que precisa ser respeitada. Saúde e
PAZ! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. CASSIÁ CARPES: Srª Presidenta, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, senhoras e senhores, página 06 do jornal O Sul (Lê.): “O debate da
Câmara de Porto Alegre sobre o aumento da alíquota da Previdência Municipal de
6,75 para 11% foi parar no Plenário da Assembléia Legislativa”. Há uma foto do
Deputado Raul Pont, que sugeriu que dirigentes de Oposição orientassem seus
Vereadores sobre iniciativa aprovada no Estado e criticada na Capital. O
Deputado Raul Pont quer vincular, Ver. Nereu D’Avila, um aspecto da Assembléia,
como se lá, as Bancadas todas...porque o PT comprovou, votou lá para tentar nos
pegar aqui, obrigar que os Vereadores de algumas Bancadas que lá aprovaram essa
alíquota do IPE votassem aqui, paralelamente, ao que foi votado na Assembléia.
Então,
isso mostra claramente a intenção do PT, de que lá votou só porque queria que
nós, aqui, votássemos a favor dos 11%, contra os funcionários municipais.
Lamentavelmente, eu quero dizer que sou Suplente de Deputado Estadual, mas,
quando for Deputado Estadual, quem sabe lá, vá votar no IPE, mas sou Vereador
de Porto Alegre e tenho de votar pelas coisas de Porto Alegre. Portanto, quero
elogiar - eu, que muitas vezes critico - a posição da Oposição ontem, não se
dobrando, Ver. Cláudio Sebenelo, Ver. Nereu D’Avila, Ver. Pedro Américo Leal,
Ver. Beto Moesch, Ver. João Carlos Nedel, Ver. João Antonio Dib, Ver. Sebastião
Melo, Ver. Elói Guimarães, que estão aqui, Ver. Dr. Goulart, Ver. Reginaldo
Pujol, que não se acovardaram dentro de uma situação de pressão, pois, se lá
aprovaram o IPE, aqui teria de aprovar a Previdência do Município. Não tem nada
a ver uma coisa com a outra. O IPE já está quebrado há anos; desde a época do
PDS, desde a época da ARENA, já se falava que o IPE estava quebrado.
Outro
aspecto que nós devemos salientar é a notícia vergonhosa de hoje, Ver. Nereu,
Ver. Sebenelo, de que o salário mínimo foi para 260 reais - de 240 reais passou
para 260 reais. Imaginem se fosse outro Governo, se não fosse um Governo
popular, dos trabalhadores, dirigido, hoje, Ver. Pujol, por um ex-trabalhador.
E, no entanto, passou o salário mínimo para 260 reais. Quer dizer, que
decepção! Prometeu mais de 10 milhões de empregos, e o desemprego continua
aumentando nas capitais, nos grandes centros.
Então,
parece-me que a melhor coisa que aconteceu para o povo brasileiro,
principalmente para os gaúchos, foi o PT chegar à Presidência da República para
provar que eles não sabem administrar, para provar que eles estavam enganando o
povo brasileiro quando diziam, simplesmente, ser Oposição. Porque todo o mundo
que passava no Governo Federal: “Este Governo Federal não faz nada, não faz
habitação, não resolve o problema da Saúde, que está municipalizada, hoje, em
Porto Alegre.” E Prefeitura não faz, não tem médicos, não tem remédios, não
admite a CPI, nesta Casa, para averiguar essas coisas.
Portanto,
como foi bom o Lula ganhar, para mostrar que, assim como o povo gaúcho tirou o
PT do Estado, nós, em 2004, vamos tirá-lo da Prefeitura de Porto Alegre. É bom
o rodízio. É bom para a democracia. É bom que nós tenhamos essas determinações
e a mostra de que o povo brasileiro precisa, a cada eleição, sem dúvida, dar o
seu posicionamento, que precisa haver uma nova postura política neste País. O
que o PT colocava para o povo gaúcho, no meu entender, esgotou-se.
Conseqüentemente, esgotar-se-á muito mais em 2004, quando a Oposição terá a sua
vez de administrar uma sociedade, de administrar Porto Alegre, porque esta
Administração está esgotada e quebrada na Capital. Obrigado, Presidenta.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
em Comunicações.
O SR. ERVINO BESSON: Srª Presidente, eu peço licença ao Ver.
Sebastião Melo, que se encontra na tribuna, para uma Questão de Ordem. Eu quero
pedir a V. Exª que seja juntado esse pedido deste Vereador. Eu recebi um
telefonema, há pouco, do Sr. Ademir Luiz Branco de Abreu, Presidente da
Associação dos Moradores da Cefer 1. Esse senhor esteve aqui, junto com a
comunidade, no fim do ano passado, e reclamou que o Dr. Roberto Corsino Tadeu,
médico que trabalhava há 30 anos na Prefeitura, foi descredenciado. Inclusive,
naquele momento, meu caro Ver. Sebastião Melo, a comunidade entregou ao
Vereador...
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Isso não é Questão de Ordem, Vereador.
O SR. ERVINO BESSON: É Questão de Ordem, sim.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Não. V. Exª seja breve; então, faça o
Requerimento.
O SR. ERVINO BESSON: É um Requerimento.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Ah, então é um Requerimento, tudo bem.
V. Exª falou em Questão de Ordem.
O SR. ERVINO BESSON: Foi entregue um abaixo-assinado com
milhares de assinaturas para o Ver. João Antonio Dib, que era Presidente desta
Casa. Eu gostaria que se juntasse este Requerimento, a respeito do problema
daquela comunidade, também com o documento do médico que foi descredenciado,
conforme Questão de Ordem do Ver. Wilton de Araújo. Não é Questão de Ordem isso? Então, não sei o que é Questão de
Ordem, Vereador!
(Aparte
anti-regimental do Ver. Raul Carrion.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu quero também dizer - faço uma brecha,
Ver. Renato, depois de está à sua disposição, V. Exª, às vezes, eu sei que é
muito ocupado, anda muito pelos bairros, pesquisa pouco - que o Governo do
Estado repassou para a Prefeitura de Porto Alegre, só no ano de 2003, R$
15.856.446,75. Aliás, a Srª Secretária da Saúde tem elogiado muito o Secretário
Osmar Terra; todas as vezes que ela vem aqui e quando eu a encontro, ela diz:
“Olha, o Secretário tem dado uma atenção muito especial.” Se V. Exª precisar de
um campo de pesquisa, a minha assessoria pode ajudar, Ver. Renato. Eu não
gostaria que viesse para a tribuna, ficasse fazendo essa cantilena aqui, sem
informações. Não fica bem para um Vereador da sua estatura. A não ser que
esteja jogando para a platéia, como o PT sempre fez: discursa para os pequenos
e governa para os grandes, insiste na participação popular, em defender os
pobres, os miseráveis, mas aí você abre o jornal e é aquela parceria
extraordinária com a “banqueirada”.
Mas
vamos ao assunto que me trouxe à tribuna. Está na memória, Ver. Dr. Goulart, de
todos nós que o Presidente Lula dizia que, sendo eleito, entre as várias de
suas metas, uma delas seria dobrar o salário mínimo brasileiro nos seus quatro
anos. Ele pegou um salário de R$ 200,00 e foi para R$ 240,00 e, agora, anuncia
R$ 260,00, tendo 1,73% acima da inflação, a inflação foi seis e pouco. A
manchete que vejo no site, que agora
saiu, diz: “Governo atende a Palocci e banqueiros e fixa mínimo em R$ 260,00.”
É verdadeira, esta manchete recém saiu. Porque havia, sim, uma briga dentro do
Governo daqueles que têm uma visão social de que, efetivamente, o salário
mínimo deveria ter um outro patamar. Evidentemente, o Ministro Palocci lidera
dentro do Governo a ala ortodoxa da economia e tem, na verdade, seguido
absolutamente igual o que veio do Governo anterior. Eu até às vezes não
compreendo essa briga do Ver. Sebenelo com o PT, porque, em matéria econômica,
os Governos do Fernando Henrique e este Governo são irmãos siameses, não há
diferença nenhuma - siameses, não há diferença nenhuma. Volto à questão do
salário mínimo, porque eu sempre vi nesta tribuna, Ver. Sebenelo, como assisti
na Assembléia Legislativa e no Congresso Nacional, o verdadeiro desfile das
Lideranças do PT na tribuna quando os Governos anteriores da República
anunciavam o salário mínimo, Ver. Isaac Ainhorn. Pois agora há um silêncio sepulcral
nesta Câmara. Aqui se fala do Exército Brasileiro, fala-se da ALCA, mas não se
fala da vida real do cidadão!
Uma
coisa era o PT na Oposição. Todos os Partidos têm contradição. Todos têm! O meu
tem muitas contradições, mas, nos últimos tempos, eu diria que o PT, na
velocidade em que vai, ganhará de todos nós, porque tudo aquilo que pregou ao
longo desse tempo está sendo negando no exercício do poder. E o Ver. Renato vem
aqui e diz: “Cadê o gasto do social do Governo?” Mas com que legitimidade, se há
um caderno de investimento de um Governo da República que neste ano gastou 45
milhões para pagar a prestação do avião para a Airbus, para dar emprego aos franceses, e gastou 62 milhões na área
social? Mas que Governo é este? Que Governo é este que vai lá comprar fios de
ouro para a camarilha do Palácio do Planalto? Que Governo é este que manda
fazer as estrelas de flores dentro do Palácio do Planalto? Mas que “governicho”
é este? Que autoridade tem essa gente para vir aqui jogar pedra nos outros?
Eu
diria que o nosso Governo tem orgulhado os gaúchos. E, se não está fazendo mais
o Governo Rigotto, é porque ele tem de pagar essa herança maldita deixada pelo
Governo de V. Exª Herança maldita!
(Apartes
anti-regimentais da Bancada do PT.)
O SR. SEBASTIÃO MELO: Presidenta, eu peço sua atenção para que
eu possa terminar o raciocínio.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Seu tempo concluiu, Ver. Sebastião Melo.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Eu vou repetir aquilo que eu tenho dito
aqui, Ver. Reginaldo: depois de o PT governar, só arqueólogo, porque fica em
ruína, liquida as finanças públicas. Eu quero dizer que nós, quando chegarmos à
Prefeitura, o primeiro ato que vamos fazer será o seguinte: auditoria pública
nas contas da Prefeitura. Porque hoje é uma verdadeira caixa-preta.
Muito
obrigado, Presidenta, pela tolerância, mas V. Exª tinha que me permitir, porque
a Bancada continuísta acabou tentando intervir no meu raciocínio, mas consegui
recompor no final. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigado, Ver. Sebastião.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Srª Presidente, Srs. Vereadores, Ver.
Sebastião Melo, o termômetro fundamental para saber se V. Exª está com toda a
razão e se está dizendo a verdade é um certo vozerio de uma certa Bancada.
Então o senhor pode ficar tranqüilo, siga nessa senda, porque V. Exª está com a
verdade.
Pois
eu tenho tantos assuntos para falar... E o salário mínimo?! Mas que barbaridade!
Eu
gostaria de aproveitar este espaço de cinco minutos para falar sobre os
problemas do Hospital Conceição. O Hospital Conceição, desde que foi assumido
pelo Partido dos Trabalhadores no ano passado...esse tentou transformar o
Hospital Conceição em autarquia. A transformação em autarquia implicava, sim,
uma demissão muito grande de pessoas; então, houve uma preocupação imensa, uma
instabilidade e uma insegurança muito grande. Passada a questão da autarquia, a
Direção resolveu - na nossa opinião, com todas as contra-indicações possíveis,
mesmo que sejam muito bem-intencionadas - suspender o serviço de ginecologia,
que há 40 anos funciona magnificamente e é um dos distintivos do Hospital
Conceição, e passá-lo para o Hospital Fêmina, deixando as mulheres da Zona
Norte sem o amparo da assistência ginecológica.
Nós
pedimos a presença do nosso sempre Vereador, excelente Ver. João Motta,
solicitamos que ele viesse a esta Casa e até agora parece que nós não temos uma
solução sobre esse assunto, mesmo que o Requerimento votado tenha sido
aprovado. Estão sendo demitidos, aproximadamente, 700 aposentados do Grupo
Hospitalar, pessoas que já têm a sua aposentadoria de 400 reais, 500 reais e,
para ganho maior, estão trabalhando. Isso também causa um problema muito difícil
no Grupo Hospitalar. Por fim, agora, dia 06, passa para a Prefeitura de Porto
Alegre toda a medicina comunitária, todo o acervo, todo o patrimônio e toda a
estrutura de recursos humanos. O grande símbolo do Grupo Hospitalar, que é o
Programa de Saúde da Família - e o Ver. Oliboni conhece com profundidade o
assunto -, está sendo retirado de lá. Então, realmente, nós estamos vivendo
momentos de grande apreensão, de grande dificuldade e de grande insegurança.
Eu
pediria, inclusive, ao Ver. Sebastião Melo que, como Presidente da Comissão,
nos ajudasse, junto ao Superintendente do Grupo Hospitalar, João Motta, a
encontrar uma outra saída que não fossem as soluções apregoadas, que a gente
compreende do ponto de vista administrativo. Mas a saúde é um pouco diferente
do resto. Nós estamos abrindo mão de pessoas de extrema experiência,
extremamente competentes, no Grupo Hospitalar, por questões semânticas, por
questões administrativas.
Ver.
Haroldo, nós estamos com grandes dificuldades... É claro que o momento do País
é difícil; mesmo assim, a Saúde é uma área na qual não dá para se tolerar
qualquer tipo de demissão e qualquer tipo... pela delicadeza da situação. E num
Hospital que é o resgate, que é o grande diferencial na desconcentração de
renda do País, porque toda a renda que for aplicada nessa área...é uma área
preciosíssima de desconcentração - eu já termino, Srª Presidenta - da renda e,
principalmente, uma área geradora de empregos e geradora de um trabalho
magnífico para essa população.
O
Hospital Conceição é conhecido como o Sistema Único de Saúde que deu certo.
Então, eu venho...
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Ver. Cláudio Sebenelo!
O SR. CLÁUDIO SEBENELO:... pedir a ajuda inclusive da Presidenta
da Casa, a Verª Margarete Moraes, no sentido de, o mais rapidamente possível,
trazermos até esta Casa, por Requerimento já votado, o nosso Superintendente,
João Motta, para que ele fale para a gente desses assuntos que angustiam tanto
a comunidade interna e externa...
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Por favor, Vereador!
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: ... do Grupo Hospitalar Conceição. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Eu quero avisar que a Presidência tem
sido extremamente tolerante com todos os Vereadores, e, todos não, alguns,
sempre os mesmos, falam além do tempo. Eu gostaria de pedir a colaboração e
dizer não apenas ao senhor, Ver. Cláudio Sebenelo, mas a todos os Vereadores
que, comumente, falam além do tempo, que eu vou cumprir a minha obrigação e vou
cortar o tempo.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu sou Vereador - V. Exª tem conhecimento
- da base de Oposição aqui nesta Casa. Sei que V. Exª sistematicamente tem sido
tolerante em relação aos tempos, inclusive com este Vereador. Não é o assunto
relevante que vai determinar prorrogação de tempo. Eu até entendo o apelo que
V. Exª está fazendo.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre Presidente, uma questão de
esclarecimento, até porque o nobre Ver. Sebenelo falou sobre a vinda do nosso
Diretor do GHC aqui na Câmara: já foi combinado - e agendado com o Presidente
da COSMAM - para ele comparecer aqui. Possivelmente o nobre Vereador não sabia
ainda, mas o nosso Diretor do Grupo Hospitalar Conceição estará aqui. Em breves
minutos, nós vamos dar a data, inclusive, em concordância com os demais
Vereadores da COSMAM.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver. Aldacir Oliboni.
O
Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Srª Presidenta, amigos Vereadores, eu
continuo vendo a política de outra maneira e, até por isso, encontro
dificuldade nas urnas. Num Parlamento, quando se discute um Projeto que causa
polêmica, com a presença dos interessados na platéia, quando se tem público
presente, muitos surfam nas águas do momento. Todo aquele que pegar com
seriedade a situação do Previmpa e analisá-la sem os olhos políticos
eleitoreiros vai saber, sim, de que jeito está a Previdência dos municipários,
que tem uma vida curta, ameaçada por terrível interrupção logo ali na frente. E
aí sim prejudicando de forma brutal, por não-pagamento dos inativos.
Esta
Casa viveu, nos últimos dias, um verdadeiro caldeirão, onde os municipários, de
forma brilhante, aguerrida, destemida, democrática, decidida, lotaram a
arquibancada todos os dias de possível votação dos 11% pedidos pela Prefeitura
Municipal. E nessa onda embarcaram alguns, com destaque para um ou dois
Vereadores que fizeram desta tribuna um palanque eleitoral, temerosos com a
reação nas urnas, dia 03 de outubro, de municipários enfurecidos.
No
entanto, Pedro Américo Leal, eu vejo a política com maior seriedade e não
analiso projetos pela cor partidária, embora tenha “sofrido na carne”, aqui
mesmo, rejeição de projetos de minha autoria por parte do Governo do Partido
dos Trabalhadores. Mas nem por isso eu vou deixar de analisar, de forma séria e
profunda, os projetos que vêm do Executivo. Analisei a situação do Previmpa,
mesmo porque dados me foram fornecidos pelos dois lados, o que facilitou a
minha conclusão final a respeito do Projeto, e tenho absoluta certeza de que,
se 11% é muito, o que querem os municipários não é possível.
A
retirada do art. 81, que tira o Projeto da pauta de discussões, é uma saída
brilhante, se ela for usada agora com envolvidos sentados em torno da mesma
mesa, para chegar a um outro patamar de descontos. O que me entristeceu, mais
uma vez aqui na Casa, foi a conduta de alguns Vereadores que usaram o momento
da Casa cheia para palanque eleitoral, descaradamente fazendo o jogo das urnas,
esquecendo que a política deve ser mais séria e dela tirarmos proveito para
encaminhar soluções que beneficiem todas as partes interessadas.
Fui
cobrado pelas galerias de que não usava esta tribuna. Com o meu voto decidido,
não preciso dar explicações maiores a não ser na hora do voto, se assim as
partes interessadas exigirem. E sempre disse aos municipários que a minha vida,
a minha conduta de vida, ao longo dos 30 anos em que estou em Porto Alegre, já
deu para os bem-intencionados saberem que posicionamento eu tenho diante de
tarifas, do aumento de impostos, de alíquotas, etc. e etc., que vêm do Governo!
De todos eles!
Lamento
que, no exercício da política, tenha sido obrigado a ouvir, nesta Casa, verdadeiros
discursos que visaram, única e exclusivamente, às eleições do dia 03 de
outubro, num assunto tão sério como esse, que é a vida de uma coletividade tão
atuante, tão necessária e tão importante na vida da Cidade. Os municipários, ao
longo dos tempos, deram provas inequívocas de competência e seriedade no trato
com o serviço público. Por isso mesmo, merecem os municipários todo o cuidado
daqueles que decidem por eles e não daqueles que olham para a ocasião e, na
ocasião, decidem seus posicionamentos e seus votos.
Brincar
com coisa séria na política, eu fora! Mas, nesses dias de Casa cheia, deu para
saber quem realmente pensa com seriedade as coisas públicas e realmente
importantes na vida de uma Cidade, na vida de um povo. E, como disse o Ver.
Sebastião, nós, do PMDB, estamos à disposição e fazemos questão de participar
dos entendimentos entre a Prefeitura e os municipários e encontrarmos um
divisor que atenda, sim, aos interesses da classe e, conseqüentemente, da
Cidade e seu funcionamento, que é a própria vida da Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Concluído o período de Comunicações.
Passamos
à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª SESSÃO
PROC.
N.º 2167/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 068/04, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que concede a
Comenda Pedro Weingärtner ao Senhor
Luiz Gonzaga Mello Gomes.
PROC.
N.º 2183/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 069/04, de autoria dos Vereadores Reginaldo Pujol e Nereu D’Avila,
que concede o troféu Honra ao Mérito ao
Babalorixá Pai Cleon de Oxalá.
2.ª SESSÃO
PROC.
N.º 6633/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 472/03, de autoria do Ver. Luiz Braz, que
declara de utilidade pública o Centro Cultural Nova Acrópole do Rio Grande do
Sul.
PROC.
N.º 2452/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 113/03, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que
dispõe sobre a oficialização da Feira de Artesanato Vilmar Bertelli, localizada
na Praça 4, no Bairro Rubem Berta.
PROC.
N.º 2005/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 083/04, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Egidio Piccoli o logradouro não-cadastrado, conhecido como Rua
1 – Jardim Protásio Alves.
PROC.
N.º 2045/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 064/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
concede o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues” ao Músico Sandro Luiz Amaral
Ferraz.
PROC.
N.º 2046/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 065/04, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
concede o título honorífico de Esportista Exemplar ao Senhor Cloir Antônio
Pires Duarte.
3.ª SESSÃO
PROC.
N.º 1462/04 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 060/04, de autoria do Ver. Raul Carrion, que
denomina Praça João Amazonas um logradouro público não-cadastrado, localizado
no Bairro Glória.
PROC.
N.º 1901/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 062/04, de autoria da Ver.ª Maristela Maffei,
que concede o prêmio artístico “Lupicínio Rodrigues” à Orquestra de Flautas.
PROC.
N.º 1980/04 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 063/04, de autoria do Ver. Raul Carrion, que
concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor Luis
Fernando Veríssimo.
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras, hoje, realmente,
eu posso fazer a utilização do período de Pauta sem que tenha de dar
explicações pela forma que me expressei, como aconteceu ontem.
Mais
dois Projetos em 1ª Sessão: um que concede a Comenda Pedro Weingärtner ao Sr.
Luiz Gonzaga Mello Gomes, não tenho dúvida nenhuma, que deva ter méritos de
sobra; outro que concede Troféu de Honra ao Mérito ao Babalorixá Pai Cleon de
Oxalá; conheço o Pai Cleon, uma excelente criatura, sem dúvida nenhuma.
Em
Pauta, Projeto que declara de utilidade pública o Centro Cultural Nova Acrópole
do Rio Grande do Sul. Lembro-me de um Projeto, de iniciativa do mesmo Vereador,
de decretação de utilidade pública, que foi vetado pelo Prefeito, e nós tivemos
de derrubar o Veto. Imagino que, agora, o Prefeito não fará, novamente, um novo
Veto. E também Projeto que dispõe sobre a oficialização da Feira do Artesanato
Vilmar Bertelli, mais uma coisa bonita que a Câmara vai fazer; mais um Projeto
que denomina rua, que eu acho importante, porque aqueles que moram na Rua 8, 18
ou 54, ou 5B ou A, não gostam nada disso aí, porque não são localizados, não
estão, na realidade, no mapa da Cidade, portanto é importante denominar; há o
Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao músico Sandro Luiz Amaral Ferraz;
outro, Prêmio Honorífico de Esportista Exemplar ao Sr. Cloir Antônio Pires
Duarte; mais uma denominação de logradouro público denominando Praça João
Amazonas, e eu já ouvi fazerem excelentes elogios à figura deste dirigente do
PCdoB, que tem a sua Bancada representada nesta Casa; outro Prêmio Artístico
Lupicínio Rodrigues à Orquestra de Flautas; um Título Honorífico de Cidadão
Emérito ao Sr. Luis Fernando Veríssimo, sem dúvida nenhuma, figura respeitada
nacionalmente e que deve merecer o Título de Cidadão Emérito, até porque
propaga Porto Alegre por todo Brasil e até fora do País.
Portanto,
este momento que eu disse que é importante, muito importante realmente, mas é
apenas, a maioria dele, somando Processos aos 62 Processos já existentes, que
eu creio que hoje não será votado nenhum deles, porque são 17h55min, temos
ainda mais quatro oradores inscritos em Pauta, e eu acredito que não há de ter
Ordem do Dia hoje. Saúde e PAZ!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. A Verª Sofia Cavedon está com
a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Srª Presidenta, Verª Margarete Morais;
prezados colegas que acompanham a Sessão, colegas Vereadores, comento o Prêmio
Artístico Lupicínio Rodrigues destinado à Orquestra de Flautas Heitor Villa
Lobos, o qual a Verª Maristela Maffei encaminha para debate nesta Casa. Ela é
muito feliz, a Verª Maristela, quando pensa nessa orquestra para homenagear,
porque a história da orquestra é exemplar, é exemplar no seu papel de inclusão,
no seu papel de democratização da cultura e é exemplar na comprovação de uma
escola pública de extrema qualidade.
Essa
orquestra criou-se há quase vinte anos na Lomba do Pinheiro, na Vila Mapa, por
dentro do trabalho de uma escola pública municipal. Uma professora que é, na
verdade, uma artista, é uma maestrina que faz as composições, iniciou com um
grupo pequeno de flautas a partir da sua sala de aula, do seu trabalho, e, na
forma séria como levou este trabalho, na forma dialogada e engajada, envolvendo
a comunidade, esse projeto ganhou volume, ganhou extensão e ganhou qualidade.
Hoje
a Orquestra de Flautas - por coincidência, é de uma escola que tem o nome do
nosso maestro Heitor Villa Lobos - é, como a gente diz, uma escola de música
constituída, porque tem na orquestra 50 alunos envolvidos, onde o instrumento
que prevalece é a flauta. Então, a orquestra é sui generis, não sei se há no Brasil outra orquestra a partir desse
instrumento, mas ela já incorporou o violoncelo, o cavaquinho, a percussão, o
órgão. Todos os alunos desenvolvem habilidades, aprendem a ler música, tocam,
já há, inclusive, músicos e professores.
A
orquestra envolve 50 alunos e mais cem alunos nas suas oficinas de aprendizagem
de instrumentos. Hoje, pelo seu trabalho sério, pela qualidade, a orquestra
conseguiu um prêmio da Fundação Junia Rabelo e conseguiu, com isso, estender
oficinas aos alunos da escola. São 150 alunos estudando música e estudando não
qualquer tipo de música, não a música escolar, no sentido de simples, mas uma
música complexa, com arranjos complexos, trabalhando uma afinação sem igual e
uma qualidade sem igual.
No
ano passado, a Orquestra de Flautas fez um espetáculo no Theatro São Pedro, e o
Theatro São Pedro esteve lotado de moradores da Vila Mapa. A orquestra, hoje, é
o orgulho da Lomba do Pinheiro. E não é porque se qualificou que abandonou o
compromisso social, o compromisso com a comunidade. A orquestra mantém-se na
Escola Heitor Villa Lobos, mantém-se vinculada à comunidade, mas tem a estatura
de ocupar o palco de um teatro como o Theatro São Pedro. Tem a estatura de ter
um CD gravado cuja primeira tiragem já terminou por ter uma qualidade sem par.
Neste momento, a Orquestra de Flautas está viajando com os seus 50 componentes.
Eles estão em Córdoba, na Argentina. É a sua primeira viagem internacional. Um
lindo convite que vem consagrar esse belo trabalho, que é um trabalho que
enfrenta todos os problemas da escola pública, do financiamento público, mas
que demonstrou que Porto Alegre tem, de fato, como prioridade a educação, faz
um grande investimento nos funcionários, na formação dos seus funcionários. Os
nossos professores são muito qualificados, têm uma carreira e um salário que
valorizam o seu trabalho, têm tempo para a formação, têm tempo para o
planejamento, e o resultado é a beleza da nossa orquestra.
Então,
eu queria parabenizar a Verª Maristela Maffei e recomendar aos Vereadores que
aprovem este Prêmio, porque ele reconhece uma bela caminhada de uma vila e uma
bela caminhada da escola pública municipal.
(Não
revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Srª Presidenta, eu também quero destacar
a iniciativa da nossa colega Verª Maristela Maffei por ter proposto a esta Casa
um Projeto de Resolução para conceder o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues à
Orquestra de Flautas lá da comunidade da Vila Mapa. Acho que esta Câmara cumpre
um papel de excelência em prestar esta homenagem.
Essa orquestra, como já falou a nossa colega Sofia Cavedon,
além de todo trabalho de resgate na questão cultural, na questão da música que
faz em relação àqueles pequenos jovens lá daquela comunidade, daquela região da
Lomba do Pinheiro, também tem um papel de inclusão social, a venda de uma
mensagem de inclusão social muito grande. Portanto, acho que uma proposição
dessa tem tudo a ver, no sentido de devolver, enquanto prêmio àquela
comunidade, para aquele pessoal que trabalha com essa questão, a importância
desse trabalho. E também tem tudo a ver no sentido de a Câmara estar cumprindo
com o seu papel de trazer para destaque o debate de um trabalho de excelência,
como é esse.
A Srª Maristela Maffei: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Procurando ser breve, Vereador, e agradecendo ao meu companheiro
Renato Guimarães, quero dizer - e a Verª Sofia também já colocou - que a
comunidade, junto com a comunidade escolar, já está discutindo a possibilidade
concreta de instituirmos naquela comunidade a nossa escola de música, que nós
tanto queremos. Isso vai ser um exemplo para Porto Alegre e para outras
regiões, inclusive, do Brasil. Essa iniciativa é muito importante. Muito obrigada.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Acho que é interessante destacar esse
trabalho que a gente falou, que é um trabalho que conjuga a questão cultural,
conjuga a questão de cidadania. Ele tem vários destaques, já recebeu troféus,
já foi premiado, vem-se apresentando não mais de forma municipal, já tem o seu
trabalho espraiado, espalhado pelo Estado e pelo País. Portanto, é uma
proposta, como já disse, de excelência, uma proposta que devolve à comunidade,
através de um projeto que passa por dentro da escola, a essência do que deve
ser a escola, no meu ponto de vista, que é o trabalho de articular na inclusão,
no atendimento através das políticas sociais e centralmente da educação,
articular a vida, articular cultura, a arte, a questão do educar.
Está
de parabéns a Vereadora pela proposta, está de parabéns a nossa Professora lá,
o grupo que trabalha em prol dessa orquestra, desse trabalho comunitário, e
também está de parabéns a Casa que, acho, de antemão já aprovou o Título. Vamos
fazer o debate, mas, com certeza, por maioria absoluta da Casa, vamos ter a
aprovação desse Prêmio. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Srs. Vereadores e Sras
Vereadoras, vários oradores já falaram sobre este Projeto da Verª Maristela
Maffei a respeito da Orquestra de Flautas da Vila Mapa, e a mim cabe dizer,
única e exclusivamente, que cumprimento a Verª Maristela Maffei pela sua iniciativa.
As coisas da Vila Mapa eu olho com muito carinho há muito tempo.
De
qualquer sorte, nós temos alguns Projetos aqui na Pauta e na discussão
preliminar, que, necessariamente, têm de ter a nossa atenção. Dentre eles - o
Ver. João Dib até já fez uma breve referência -, há concessão do Troféu de
Honra ao Mérito ao Pai Cleon de Oxalá. Eu quero, com toda a lisura possível, e
até em homenagem ao Ver. Nereu D’Avila, dizer que eu consto em primeiro lugar
na proposição dessa homenagem tão-somente em função de uma exigência
regimental: não teria o Ver. Nereu D’Avila condição de subscrever essa
homenagem, já que a sua Bancada já tomou providências nesse sentido, e o
Projeto de Resolução que regula a concessão desse título determina que só uma
indicação pode ocorrer por Bancada. Assim sendo, eu preciso, a bem da justiça,
dizer que, com muita honra, subscrevi o Projeto, mas que a gestação do mesmo, a
sua criação e a sua formulação se devem ao Ver. Nereu D’Avila, que é, em
verdade, o grande homenageante do Pai Cleon, a quem eu me solidarizei e me
integrei na homenagem.
Se
nesse particular a homenagem tem essa característica que eu estou a me referir,
no que diz respeito ao Projeto de Resolução nº 064/04 e também ao Projeto de
Resolução nº 065/04, eu quero assumir não só a honraria, mas toda a
responsabilidade da proposição, de ambos: o que concede o Prêmio Artístico
Lupicínio Rodrigues ao Músico Sandro Luiz Amaral Ferraz e o que concede o
Título Honorífico de Esportista Exemplar ao Sr. Cloir Antônio Pires Duarte. São
duas pessoas às quais me vinculo fortemente, em especial pelas suas atuações,
um como intérprete do samba enredo da Escola de Samba Estado Maior da Restinga
e o segundo pela sua atuação de longo tempo junto a uma equipe de futebol
amador, o Roma Futebol Clube, da Vila Restinga, que é uma entidade à qual eu
também me vinculo profundamente. Quanto à Escola de Samba, eu acho que é
desnecessário que eu faça maiores referências a respeito do nosso vínculo.
Mas
o que eu quero acentuar, nesta hora, é que eu me solidarizo, por inteiro, com o
Ver. Nereu D’Avila na sua decisão de homenagear o Pai Cleon, mas me
responsabilizo, de corpo inteiro, com relação a essas duas homenagens que estou
oferecendo. Sei que os dois homenageados possuem todos os requisitos ajustados
à premiação que certamente a Casa irá lhes oferecer, Ver. Pedro Américo Leal.
Porque é comum que nós tenhamos que balançar alguns dos atos legislativos,
procurando acomodar a relevância de uma homenagem a determinada pessoa ou
entidade com o prêmio que se quer oferecer. Hoje mesmo, aqui, existe Projeto
que estabelece a cidadania emérita ao escritor Luis Fernando Veríssimo - medida
mais do que certa, mais do que ajustada.
Eu
sustento - e o faço com toda segurança - que esse jovem intérprete da música
popular brasileira, que esteve conosco, Verª Presidente, na Estado Maior da
Restinga, o Sandro Ferraz, detém todas as qualidades e todos os requisitos
capazes de fazer jus ao Prêmio que nós estamos propondo a ele. Como de outro
lado, o Cloir Antônio Pires Duarte, o nosso Cuca da Restinga, dispõe de todas
as qualificações pessoais para que lhe seja outorgado o Título Honorífico de
Esportista Exemplar, que ele efetivamente o é, pela dedicação com que se joga
nas atividades de dirigente esportivo, de organizador das práticas esportivas
do Bairro Restinga e adjacências.
Assim
sendo, Srª Presidenta, advertido de que o meu tempo se finda, encerro este meu
pronunciamento acentuando as afirmações que fiz anteriormente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Agradeço a gentileza do Ver. Reginaldo
Pujol.
O
Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.)
Desiste. A Verª Helena Bonumá está com a palavra para discutir a Pauta.
(Pausa.) Desiste. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. RAUL CARRION: Exma Verª Margarete Moraes,
Presidenta desta Casa; demais Vereadoras e Vereadores, em primeiro lugar, um
agradecimento especial ao Ver. Guilherme Barbosa e à Verª Helena Bonumá, que
atenderam a um pedido meu.
Há
dois Projetos de minha autoria em 3ª Sessão, e eu desejava rapidamente fazer
uma menção, além de existirem outros Projetos importantes na Pauta do dia de
hoje. Um dos meus Projetos é a entrega do Título de Cidadão Emérito a essa grande
figura porto-alegrense, o nosso querido Luis Fernando Veríssimo - grande
escritor, músico, cronista, cidadão do mundo, cidadão das lutas por um mundo
mais fraterno, mais justo, por um Brasil mais soberano.
Vou
ler uma rápida colocação que fiz sobre ele, a qual acho que sintetiza, Ver.
Guilherme Barbosa, tudo isso: (Lê.): “Escritor de fino senso de humor; cronista
do quotidiano de sua terra - capaz de nela revelar o universal humano; músico;
cartunista; dono de uma simplicidade sem afetação; extremamente dedicado à
família; apaixonado pelo perambular no mundo, descobrindo singularidades e
idiossincrasias; cidadão do seu tempo. Veríssimo mantém a capacidade de
indignar-se ‘sem jamais perder a ternura’ - como dizia o nosso grande Che
Guevara - e o senso de humor. Comprometido com uma sociedade mais fraterna,
mais justa e mais democrática, é uma unanimidade, mesmo entre os que
eventualmente divergem de suas opiniões”.
Fruto
disso, o Projeto que encaminhamos a esta Casa tem a assinatura da unanimidade
dos Vereadores da Casa, e há mais do que 33 assinaturas, Ver. Oliboni, há 37,
porque, contamos com a assinatura, em função da saída dos Vereadores que aqui
estavam e que vieram a ser substituídos, da Verª Helena Bonumá, do Ver.
Guilherme Barbosa, da Verª Sofia Cavedon, do Ver. Gerson Almeida - também eles
fizeram questão de assinar. Então, creio que nesta Casa será um momento
importante honrar esta figura que engalana a Cidade de Porto Alegre. Esse é o
primeiro Projeto ao qual eu queria referir.
O
segundo Projeto - o Ver. Guilherme Barbosa também já manifestou na Sessão de
ontem - é para homenagear o nosso Presidente, falecido no ano passado, do
Partido Comunista do Brasil: João Amazonas. Um líder operário, um líder
sindical, nascido no ano de 1912; esteve preso, esteve exilado, um homem que
dedicou a sua vida à luta de seu povo, um dos grandes articuladores da Frente
Brasil Popular, a primeira Frente com o Lula e todas as que se seguiram.
Certamente um homem que jogou um papel decisivo em todos os grandes momentos da
nossa história - na Constituinte, na eleição do Lula e assim por diante.
Estamos dando o nome dele a uma Praça desta Cidade.
Queria,
ainda, referir um outro Projeto, que é o que concede a Comenda Pedro
Weingärtner ao Sr. Luiz Gonzaga Mello Gomes, grande artista desta Cidade,
aliás, responsável pelo Memorial aos Mortos e Desaparecidos Políticos que está
ali na Av. Ipiranga com a Av. Edvaldo Pereira Paiva, na beira do Guaíba. Por
uma coincidência, tio da nossa Verª Helena Bonumá, que tinha até a intenção de
apresentar aqui o Projeto, mas nos cedeu o seu tempo, gentilmente.
Por
fim, eu queria, também, parabenizar a Verª Maria Celeste, pois foi uma escolha
brilhante, eu teria um grande orgulho de ter tido a iniciativa deste Projeto,
que é a homenagem já referida, aqui, também, por diversos Vereadores e
Vereadoras, à Orquestra de Flautas. Ah, foi a Maristela Maffei! Realmente, eu
sabia que era uma Vereadora que teve essa brilhante idéia. A orquestra foi quem
abrilhantou o Fórum Social Mundial, se não me equivoco foi o 3º, não é? Aliás,
já a assistimos aqui nesta Casa, creio que no lançamento do Programa Contra a
Fome, se não me equivoco aqui estava, e é algo de uma qualidade artística
fabulosa. Além do mais, é formada por crianças dos nossos bairros, das nossas
vilas, da nossa periferia, mostrando o potencial de cultura, de criatividade
que o nosso povo tem, apesar das tremendas dificuldades por que passam.
Então,
parabéns, Verª Maristela Maffei; parabéns, Verª Maria Celeste, que, certamente,
irá votar a favor e por isso merece os nossos parabéns também. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Srª Presidenta, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu ainda aguardarei até o término da Sessão,
porque gostaria, Ver. Beto Moesch, de ouvir as explicações da Bancada petista a
respeito do salário mínimo. Vou permanecer e penso que a Liderança governista,
continuísta, virá aqui a esta tribuna.
Mas
eu quero socializar, talvez nem todos tenham acesso, às vezes, aos jornais de
São Paulo, de todos os dias. O Diário de São Paulo, Ver. Dib, traz hoje uma
matéria, dizendo que uma empresa venceu uma concorrência por 20 anos na área do
recolhimento de lixo e que, segundo essa reportagem, essa era uma empresa que
já sabia, anteriormente, que ganharia a concorrência. Então, estou percebendo,
Ver. Cassiá, que aqui o DMLU fez uma fotografia para uma empresa. Esse mesmo
DMLU que, em gestões anteriores, misturava patrocínio de campanha com contratos
emergenciais, fartamente, não é? Chegavam a dar um contrato num dia e, dois
dias depois, apareciam doações de campanha na conta dos candidatos petistas.
Então,
estou percebendo que é uma certa lógica nacional envolvendo essa questão dos
contratos do lixo. Eu vou juntar isso, inclusive, naquele Processo, porque
estou percebendo que isso tem uma ramificação nacional; onde o PT governa,
mistura-se essa questão do lixo com uma questão muito nebulosa aí da Administração
Pública.
Mas
eu venho a esta tribuna, Ver. Beto Moesch... V. Exª, ontem, juntamente com o
Ver. Dr. Goulart, falou aqui de um tema muito relevante, que é a questão da
venda dos espaços, dos locais, das fichas nos sistemas de postos de saúde de
Porto Alegre. Segunda-feira, às 6 horas da manhã, eu, o Ver. Beto Moesch e o
Ver. Dr. Goulart fomos lá na Vila Farrapos para constatar aquilo que, para nós,
na verdade, não é nenhuma novidade; reiteradas vezes, a imprensa vem
denunciando, o rádio vem registrando que o Sistema de Saúde em Porto Alegre
está vivendo um momento dramático. Aquelas pessoas que nós conduzimos à
Delegacia, que estavam lá vendendo lugar para os velhinhos, são vítimas de um
processo, até transformaram aquilo como sobrevivência no comércio informal no
negócio de fichas.
Agora,
quem é responsável por isso? Isso tem nome! É o Prefeito desta Cidade, que tem
dinheiro para gastar com propaganda, mas que não prioriza a Saúde, só no
discurso! A Srª Secretária vem a esta Casa e diz que este é o ano da Saúde,
quer dizer que, em 15 anos, nunca foi o ano da Saúde para esta Administração?
Nós estamos convidando, Ver. Renato Guimarães, a Srª Secretária para vir a esta
Casa, na terça-feira, e dizer, com clareza, com precisão, por que fato como
este acontece no IAPI, no PAM-3 e acontece nos outros postos da Cidade! E não
adianta transferir responsabilidade para a ONU, para o Governo Federal, para o
Governo Estadual, porque aqui a gestão é plena, desde 1997! Este é um problema
de gestão! Aquelas pessoas, Ver. Reginaldo Pujol, retiram fichas todos os dias,
com os mesmos funcionários, com os mesmos guardas, e isso continua acontecendo
e ninguém faz nada! Isso não é problema de dinheiro, Ver. Renato Guimarães,
isso é problema de gestão! Eu sempre digo: o cobertor sempre é curto, sempre
vai faltar dinheiro para a Saúde, mas a gestão é outro fator importante para
facilitar a vida das pessoas.
Então,
eu quero dizer, Ver. Beto Moesch, que a Srª Secretária está convidada para vir
na Comissão, terça-feira que vem, momento que vamos aproveitar, inclusive, para
esclarecer, porque, como falou o Ver. Wilton, são vinte anos de credenciamento
do Sr. Francisco Morelli. Eu vou requisitar, amanhã, o processo que deu o
descredenciamento, que foi, sim, Ver. Guilherme Barbosa, feito pela Secretaria
da Saúde do Município de Porto Alegre - fui informado, agora, sobre isso! E nós
queremos saber - porque o Sr. Francisco Morelli é um cidadão de bem e não
pertence ao Partido de V. Exª, e sim a uma outra cor partidária - se o fato de
não ser aliado dos senhores foi a razão que levou ao descredenciamento. Porque
eu não posso entender que um cidadão que ganha 314 reais, que atende a 154
consultas numa vila extremamente carente, que é o Beco do Adelar, seja
descredenciado, quando a Saúde está nesse caos, dessa forma! Deve haver uma
justificativa extraordinária para terem feito isso! Então, nós também vamos
tratar desse assunto. Muito obrigado, Presidente.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Srª Presidenta, colegas Vereadoras,
Vereadores, demais pessoas que nos assistem: com toda satisfação e alegria, com
certeza, a nossa Secretaria, Sandra Fagundes, virá a esta Casa explicar as
medidas da Secretaria nesta área tão difícil e tão complicada; difícil e
complicada, mas que recebe, permanentemente, um investimento muito grande da
nossa Prefeitura. No Governo anterior do País, do Sr. Fernando Henrique
Cardoso, com o Ministro José Serra, em pesquisa feita em todo o País, Ver.
Pedro Américo Leal, Porto Alegre recebeu a melhor nota - e nós sabemos que há
muitas dificuldades nessa área e queremos melhorar mais ainda.
Eu
fiz um desafio, quando estava aqui nesta Casa anteriormente - e o faço
novamente -, para que todos os Partidos que têm assento nesta Casa façam um
levantamento das suas respectivas Prefeituras, para ver quanto elas investem em
Saúde, Ver. Reginaldo Pujol. Quero renovar esse desafio, porque nós sabemos do
grande número de pessoas que vêm a Porto Alegre para serem atendidas.
Anteriormente, o atendimento se dava nos hospitais, no Pronto Socorro e, agora,
até nos postos municipais são atendidas pessoas de outras Cidades, da Região
Metropolitana e de fora da Região Metropolitana, pela qualidade do atendimento
na nossa Cidade. Enquanto que, nas outras Cidades, o que se tem é conhecido: a
ambulancioterapia - muitos Prefeitos que ainda vão comprar ambulâncias para
transportar as pessoas até Porto Alegre. Eu renovo, portanto, o desafio nesta
Casa, para que façamos um levantamento das várias Prefeituras desses outros
Partidos.
Mudando
de tema: nós estamos abertos, também, para discutir a questão do lixo. Nossa
Cidade é um exemplo do trabalho, do recolhimento, do tratamento de resíduos
sólidos. Nós encontramos, em 1989, lixões e os transformamos em aterros
sanitários. Estamos dispostos para qualquer investigação, análise ou debate.
Agora, não pode, Vereador desta Casa, Ver. Isaac Ainhorn, ter assessor do seu
Gabinete fazendo advocacia administrativa no DMLU! O Ver. Darci Campani, quando
estava aqui, denunciou isso. Não pode! Um dos que mais falam neste assunto tem
assessor do seu gabinete fazendo advocacia administrativa lá no DMLU! Estamos
abertos para isso!
Quero
voltar também ao debate da Previmpa. E que bonita a intervenção do Ver. Haroldo
de Souza. Se nós fôssemos fazer um debate rebaixado, como outro dia fez o Ver.
Cassiá Carpes, chamando-nos de “aquela gente”, nós poderíamos também dizer
“aquela gente” do PTB que votou na Assembléia Legislativa os 11%! Mas são
pessoas de bem, do Partido do Vereador, votaram na Assembléia e nós votamos
também, e foi assumido compromisso por todas as Bancadas que também votariam
aqui, porque todos precisariam dos 11%.
Mas,
felizmente, pelo que noto, o Vereador não está muito bem no seu Partido, porque
ele queria ser Prefeito e já deram um jeito de retirá-lo da candidatura; já há
outro candidato, felizmente! Felizmente, porque aquele Partido, o PTB, merece o
meu respeito e não é “aquela gente”. Talvez alguns sejam “aquela gente”! E há
gente que faz discurso, sim, eleitoral em vez de entrar no mérito do debate da
Previdência aqui, e só fez discurso eleitoral. Houve Vereador que divulgou a
sua candidata, que seria a próxima Prefeita em Porto Alegre, a Deputada Federal
Yeda Crusius. Há Vereador, aqui, que não entra no mérito, porque eu acho que
não tem possibilidade de entrar no mérito do debate! Essas pessoas são coveiros
dos municipários! Eles estão preparando a cova dos municipários, porque nenhum
Prefeito, seja quem for, no futuro, vai bancar, por ano, 15 milhões através de
uma alíquota baixa para garantir a aposentadoria dos municipários! Esses estão
trabalhando pela cova dos municipários! Esses, no futuro, sim, terão as suas
fotografias nas faixas! Não fazemos discussão eleitoral! Nós queremos serviço
público forte, e, para isso, os municipários têm de estar bem. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Srª Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu ouvi atentamente o Ver. Guilherme Barbosa. No
seu pronunciamento, ele teceu alguns comentários a respeito de situações ocorridas
no Município de Porto Alegre e que extrapolam a essa limitada discussão que nós
fizemos a respeito de um tema relevante que tomou conta da discussão na Casa
nos últimos 15 dias, mas que não é um tema único, muito longe de ser um tema
único a ser discutido e debatido nesta Casa.
Enfocou
o Ver. Guilherme Barbosa aspectos da Saúde, fez desafios, quis cotejar o
Município de Porto Alegre com todos os demais Municípios do Estado a respeito
do grau de investimento que esses Municípios fazem em Saúde Pública e ficou
aguardando que alguém aceitasse o desafio. Fez afirmações, Ver. Beto Moesch - e
V. Exª é grande conhecedor desse assunto -, que, longe de ser um apanágio do
Governo do Município, são uma demonstração da sua inércia, por exemplo, nas
providências a respeito dos aterros sanitários, as quais só foram tomadas - e
V. Exª sabe disso - em função da diligente ação do Ministério Público do
Estado.
Mas
foi mais longe. Essas afirmações comparativas que se pretendem fazer pecam pela
base, Ver. Isaac Ainhorn, na medida em que quem conhece a evolução do SUS no
Rio Grande do Sul e a sua formulação sabe que poucos Municípios se integraram
ao SUS de forma plena. E essa integração de forma plena repassa a esses
Municípios valores superiores ao que passam para os demais, mesmo se levar em
conta a proporcionalidade. Quando o Município assumiu de forma plena o Serviço
Único de Saúde aqui no Rio Grande do Sul, ao se calcularem os valores a serem
transferidos para Porto Alegre, foi dado um acréscimo considerável, até porque
se reconhecia que em Porto Alegre haveria de surgir a necessidade de
atendimento de pessoas enfermas de outros Municípios do Estado. E, para tanto,
Porto Alegre teria de ter uma cota de participação nos recursos federais
criados para sustentar o SUS. Porto Alegre teria de ter, por essa
característica, valores mais substanciais, o que, efetivamente, é oferecido.
Hoje,
realmente, não há como “se tapar o sol com a peneira”. Nós estamos com uma
crise gerencial na saúde porto-alegrense. Os recursos, se é que foram reduzidos
pelo Governo Lula, o foram em função do gerenciamento inadequado que o processo
está tendo aqui na Cidade. Mas não há de se esquecer - e ninguém pode olvidar -
que nenhuma capital brasileira tem tanta presença de hospitais públicos sustentados
com recursos do erário público nacional como Porto Alegre, que detém esse
grande complexo do Grupo Hospitalar Conceição, que detém o Hospital de
Clínicas, que detém o Hospital Presidente Vargas, que tem ainda os órgãos
sustentados pelo Governo do Estado, como o Hospital Ernesto Dornelles. Tudo
isso daria condições para que Porto Alegre tivesse um atendimento de Saúde
Pública, Ver. Sebastião Melo, muito mais qualificado do que hoje tem, e não se
transferir essa responsabilidade aos pequenos Municípios do Estado, muitos dos
quais até mesmo têm um percentual de aplicação de verbas e saúde muito maior do
que tem Porto Alegre. Se Porto Alegre desconsiderar, como busca desconsiderar
os recursos transferidos pelo SUS, então esse embate é aceito por centenas de
Municípios do Estado, que, mesmo não tendo os recursos que a condição de
assumir plenamente o SUS lhe oferece - que quase dobram os recursos para os
Municípios, quando não triplicam em alguns casos -, mesmo assim, ainda em
Municípios como Santo Antônio da Patrulha, por exemplo, aplicam um percentual
maior em Saúde Pública do que é aplicado aqui no Município de Porto Alegre.
Por
isso eu não quero discutir coisas menores, mas não deixo passar em brancas
nuvens essa situação, na medida em que não corresponde à realidade dos fatos.
Porto Alegre tem de assumir que falhou, que transformou a Saúde num caos e,
corajosamente, tem de enfrentar e debelar essa situação!
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Neste momento, nós deveríamos fazer nova
votação para aprovarmos a prorrogação da Sessão, porém, visivelmente, não há
quórum.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h36min.)
* * * * *